Setor de aviação enfrenta crise sistêmica

Rio – Os problemas técnicos que vêm causando transtornos em aeroportos brasileiros nos dois últimos dias não são exclusividade da Vasp. A avaliação foi feita ontem pela Associação de Pilotos da Varig (Apvar), que alerta para uma crise sistêmica no setor de aviação, provocada pela guerra tarifária e falta de investimentos em manutenção dos aviões. “É um problema sistêmico e esta situação está caminhando para uma tragédia”, diz o piloto Élnio Borges, consultor da entidade.

Segundo ele, todas as grandes companhias áreas brasileiras têm deficiências na manutenção dos aviões e podem passar pelos mesmos problemas ocorridos com a Vasp nos últimos dias, quando vôos foram cancelados e centenas de passageiros tiveram de esperar horas para embarcar. A crise, diz Borges, é reflexo da desregulamentação do setor, que permitiu a guerra tarifária responsável pela queda dos investimentos em segurança.

“Não se pode cobrar tarifa de ônibus para uma máquina que vai a 10 mil metros de altura”, afirmou, em referência às promoções da concorrente Gol, que garantiam passagens a até R$ 50 em determinados horários. A entidade diz que o custo variável de uma companhia – principalmente folha de pessoal e manutenção -representa apenas cerca de 40% do total de gastos. Por isso, quando uma empresa reduz a passagem, certamente estará cortando recursos para um destes dois itens, afirmou o piloto.

“A Vasp é a primeira a sofrer este tipo de transtorno porque tem menos aviões e encontra dificuldade para remanejá-los em caso de falhas técnicas. Mas as outras companhias vão começar a ter problemas também”, afirmou Borges. Ele sugere a volta do controle de tarifas e uma maior fiscalização do Departamento de Aviação Civil (DAC) sobre as condições de segurança e o cronograma de manutenção dos aviões, para evitar que a crise culmine com acidentes graves.

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