Setor da louça dribla concorrência chinesa

Ganhar pouco em cima de muito. É essa a aposta de muitas indústrias de cerâmica e porcelana instaladas em Campo Largo, na tentativa de driblar a concorrência chinesa. ?A China continua sendo um problema, pois representa uma concorrência desleal, com mão-de-obra praticamente escrava. Vimos, porém, que não adiantava brigar no Legislativo, no Judiciário. O jeito era concorrer no preço?, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria de Vidros, Cristais, Espelhos, Cerâmicas, de Louça e Porcelana no Paraná (Sindilouças-PR), José Canisso.

Seguindo esta linha, muitas empresas decidiram aumentar o volume de unidades produzidas e reduzir a lucratividade. ?Antes, as fábricas ganhavam muito em cima de pouco. Agora é o contrário.? Nos últimos cinco anos, segundo Canisso, o volume de peças produzidas em Campo Largo aumentou quase 50%. O faturamento, porém, continua o mesmo: cerca de US$ 500 milhões por ano. ?Com o detalhe que o dólar chegou a R$ 3,50, e agora está em R$ 2,14?, afirmou, referindo-se ao câmbio desfavorável.

A Studio Tacto/Tirolesa é uma das fábricas que decidiu investir no aumento de produtividade. Atualmente, produz cerca de 1,2 milhão peças ao mês, mas tem o objetivo de chegar a 2 milhões. ?Temos preços bem competitivos, pratos de cerâmica a partir de R$ 0,90?, afirmou o gerente Donizetti Cari. O gerente reclama, porém, do preço do gás natural – combustível utilizado nos fornos de cerâmica e porcelana. ?Hoje o gás representa 22% do custo; é o item que mais pesa.?

Na fábrica de cerâmicas Portela, a reclamação é principalmente quanto à concorrência chinesa e à alta carga tributária que, segundo a gerente Viviane Portela, ?consome? quase 40% do faturamento. ?Se vendemos R$ 100 mil, R$ 40 mil vão para o governo?, comentou. A fábrica, que produz cerca de 150 mil peças por mês e emprega 46 pessoas, já chegou a produzir 190 mil peças e ter um quadro com 58 funcionários. A redução, segundo ela, ocorreu há dois anos. ?Com os produtos da China, tivemos que reduzir os custos?, explicou Viviane. O estande da Portela era um dos mais concorridos ontem, na 16.ª Feira Nacional da Louça, em Campo Largo. O motivo: preço baixo. ?Um jogo de jantar de 13 peças está saindo por R$ 16,00 (média de R$ 1,23 por unidade), abaixo até do que a gente vende para o lojista, que é R$ 18,90?, exemplificou.

O pólo cerâmico de Campo Largo é formado por aproximadamente 40 empresas, entre pequenas (familiares), médias e grandes fábricas que geram 14 mil empregos diretos e indiretos. O setor é líder em produção, fabrica 90% da porcelana branca de mesa nacional, 83% das porcelanas da América Latina, e mais de 16 milhões de metros quadrados de pisos e revestimentos ao ano. A produção anual estimada é de 450 milhões de peças.

A 16.ª Feira Nacional da Louça segue até o próximo dia 17, no Ginásio da Rondinha. A expectativa do Sindilouça-PR é receber cerca de 70 mil visitantes.

Serviço

16.ª Feira Nacional da Louça. Período: 6 a 17 de setembro. Local: Ginásio da Rondinha – BR 277 – km 20 (ao lado da Igreja São Sebastião). Valor da entrada: 3,00 reais. Horários: dias úteis das 14 às 22 horas, sábados/domingos e feriados das 10 às 22 horas.

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