Setor agrícola finalmente dá sinais de recuperação

Depois de dois anos complicados para a agricultura brasileira, o setor deve finalmente colocar um ponto final à crise e voltar a registrar números positivos. A previsão otimista é da economista Amaryllis Romano, responsável pela área de análise do setor de agronegócios da Tendências Consultoria Integrada, de São Paulo, que esteve em Curitiba na semana passada participando do III Fórum de Tendências Aliança do Brasil, que teve como tema o setor de agronegócio.

?O setor vem de um período muito ruim em termos de rentabilidade. O sul foi ainda mais afetado pelas adversidades climáticas (longo período de estiagem) e a produção total retraiu?, observou a economista. A aposta, porém, é que o câmbio não volte a provocar descompasso entre os custos de produção e os preços de venda, como ocorreu nas duas últimas safras. ?O câmbio de hoje (início do plantio da safra 06/07) deve ser mantido no mesmo patamar até março (período de colheita), ao contrário da safra passada, quando o produtor plantou com o dólar a R$ 2,75 e colheu a R$ 2,10?, apontou. ?Na safra anterior foi ainda pior: ele plantou com o dólar a R$ 3,00 e colheu a R$ 2,40!?

Mas não é apenas a estabilidade do câmbio que deve ajudar na alavancagem do agronegócio. Segundo a economista, os preços internos dos produtos já tiveram uma boa recuperação. ?(Os preços) não estão no pico, mas estão longe da baixa?, observou. A boa notícia é que a maioria dos produtos deve apresentar uma alta nos preços na safra que vem. ?Existe uma boa expectativa para a maioria dos produtos. Haverá uma safra boa lá fora (mercado externo), mas a demanda também aumentou.?

Produtos

No caso da soja, uma das principais culturas paranaenses, a projeção é que o preço da tonelada no mercado interno passe de R$ 461,00 este ano para R$ 490,80 no ano que vem, ou seja, aumento de 6,5%. No ano passado, a oleaginosa chegou a ser cotada a R$ 518,00. ?Dificilmente o preço vai voltar àqueles patamares?, afirmou Amaryllis. Segundo ela, a elevação depende de fatores como o aumento da demanda para a fabricação do biodiesel.

No caso do milho, as duas quedas consecutivas (de 5,4% em 2005 na comparação com o ano anterior, e de 9,4% em 2006 na comparação com 2005) devem finalmente ser revertidas. Com isso, a projeção da Tendências Consultoria é que o preço da saca no mercado interno passe de R$ 16,16 (média desse ano) para R$ 17,82 no ano que vem – ou seja, recuperação de 5,7%. ?Com a queda do preço nos últimos dois anos, a área de plantio do milho foi reduzida, o que deve afetar os preços no ano que vem?, explicou. Além disso, acrescentou, apesar da produção elevada do grão nos Estados Unidos, a utilização do milho na fabricação de etanol (álcool) está fazendo com que aquele País disponibilize menos do produto no mercado internacional.

Já o trigo está numa situação bem complicada, segundo a economista. ?Vamos voltar ao tempo em que o País mais importava trigo do que produzia?, afirmou. A produção brasileira menor se deve basicamente à redução da área plantada. Com relação aos preços, ela lembrou que houve uma queda de 8,1%, em dólar, em 2005, seguido por alta de 20,7% este ano, chegando a uma média de US$ 384,09 a tonelada. Para o ano que vem, a previsão é de nova alta (14,6%), elevando o preço para US$ 440,2.

Na outra ponta, os produtores de cana-de-açúcar estão vivendo um de seus melhores momentos, lembrou a economista. O preço pago ao produtor pelo açúcar havia subido 20,2% no ano passado, subiu mais 56,6% este ano (com a saca chegando a R$ 49,04, em média) e deve subir outros 3,1% no ano que vem. Também o álcool combustível está em franca expansão. Para este ano, a previsão é de aumento de 28,8% no preço pago ao produtor e, para o ano que vem, a projeção é de alta de 27,3%. ?A expectativa é boa para a maioria dos preços?, arrematou a economista.

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