Semelhança nos portos pode ampliar parcerias

Portos públicos, com concessão do poder central para os estados. Esta semelhança dos portos chilenos de Valparaíso e San Antonio, localizados cerca de 100 quilômetros distantes de Santiago, a capital do País, foi um dos motivos que levou até eles a comitiva empresarial e governamental que visitou o Chile na semana passada. Outro motivo para a curiosidade paranaense: os portos serviram de base para a Lei de Modernização dos Portos no Brasil (n.º 8630/93) em 1993.

Os portos chilenos são uma alternativa para a exportação dos produtos brasileiros pela costa do Oceano Pacífico, principalmente das mercadorias do Paraná, em função da proximidade geográfica. “É o início de um intercâmbio entre os portos latino-americanos para fortalecer os negócios de empresas paranaenses dentro do Mercosul”, afirmou o governador Roberto Requião. Na visita, os integrantes do governo puderam obter informações detalhadas sobre os dois terminais para repassá-las a Paranaguá. “Além de serem terminais de carga, são portos que se diferenciam dos demais porque se destacam pela integração com a comunidade e o potencial turístico”, comentou o governador.

Para o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião, o objetivo da visita foi conhecer exemplos bem sucedidos na área portuária e pela importância deles na América da Sul. “Apesar de não contar com terminais de grande porte, os portos chilenos têm qualidade e boa logística. Este é somente o começo do intercâmbio”, destacou.

A fim de explorar mais os potenciais de uma ligação entre os portos chilenos e o paranaense, será realizada uma reunião até dezembro desse ano, provavelmente no Equador, entre todos os governos regionais de países da América Latina. A secretaría responsável pela união deles está sediada em Valparaíso. A intenção é ganhar mais participação localizada e pleitear mais atividades em nível estadual, sem passar pelas capitais e lideranças dos governos federais.

A aproximação dos portos também será favorecida pela criação do Porto do Mercosul, em Pontal do Paraná, anunciada por Eduardo Requião durante a viagem. Esse novo terminal poderá melhor atender as movimentações de cargas do Paraná e dos países vizinhos e da América Latina como um todo. O novo porto ajudaria, por exemplo, o Chile, o Paraguai e a Argentina a ampliar suas exportações pelo Oceano Atlântico. “Será um porto de 17 berços, com armazéns e alfândega, que poderá entrar em funcionamento entre 18 e 24 meses num local que possui um dos melhores calados naturais do Brasil”, explicou.

Valparaíso

O porto de Valparaíso movimenta entre 4 e 6 milhões de toneladas por ano, mas possui capacidade para 8 milhões a partir de oito pontos de atraque (cinco de administração privada e três pelo Estado). É o maior no Chile no quesito valor agregado, com bom crescimento anual (9,3% em 2003), mas pequeno em comparação a Paranaguá, tanto pelo tamanho quanto pela movimentação (33,5 milhões de toneladas, registrado em 2003). Valparaíso é considerado um porto limpo por não exportar grãos, somente produtos especializados como frutas, cobre, automóveis e contêineres. Além disso, o porto funciona como terminal de passageiros: no ano passado, recebeu 41 navios com 172 mil turistas.

A administração de Valparaíso está começando a realizar obras de um acesso diferenciado ao porto. Como a proximidade com a cidade é muito grande, o cais não tem para onde crescer mais. Os caminhões chegam em Valparaíso, causam complicações no trânsito, e não têm como esperar dentro do porto, que já utiliza também armazém de cargas longe do terminal para dar conta do volume de mercadorias.

San Antonio

O porto de San Antonio é o maior do Chile em movimentação de cargas – foram 9,7 milhões de toneladas em 2003 – e responsável por 31% das exportações chilenas. Os principais produtos exportados são os grãos, contêineres e automóveis. São quatro terminais com nove berços de alta tecnologia para a transferência de cargas em geral, e também para líquidos. As atividades são compartilhadas entre o governo e a iniciativa privada.

Na visita à cidade, o governador Roberto Requião assinou um convênio nas áreas turística, cultural e de desenvolvimento industrial (incluindo o porto) com a prefeita de San Antonio, Lucia Manares Maldonado. O secretário de Estado da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul, Luis Mussi, se comprometeu em voltar à cidade para a Expo San Antonio, uma feira sobre os potenciais da região que acontecerá no final de setembro desse ano.

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