Sem unanimidade, Selic cai para 13,25%

Em sua última reunião deste ano, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, ontem, reduzir a taxa Selic em meio ponto percentual, para 13,25% ao ano, o menor nível histórico da taxa. Na reunião anterior, do dia 18 de outubro, a redução foi de 0,50 ponto percentual, o que levou a taxa para 13,75%, na ocasião.

Este é o 12.º corte seguido, totalizando 6,5 pontos percentuais de queda nos juros anuais, desde o início do processo de desaperto monetário (quando o Banco Central começou a reduzir a taxa básica de juros), em setembro de 2005. Na época, a taxa estava em 19,75%. No ano, a redução acumulada é de 4,75 pontos porcentuais. O Copom vem cortando os juros em 0,50 ponto porcentual desde abril deste ano. Até outubro, foram quatro cortes desta mesma magnitude.

A decisão de ontem não tem viés, ou seja, expectativa de alteração do nível dos juros antes da próxima reunião, marcada para 23 e 24 janeiro de 2007.

Em um breve comunicado, o Copom repetiu ter tomado a decisão após avaliar ?o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação??. O placar foi de 5 votos a 3, sendo que os vencidos queriam redução de 0,25 ponto percentual. Pesquisa da Reuters na semana passada mostrou que 21 de 27 analistas projetavam redução de 0,50 ponto percentual. Seis apostavam em corte de 0,25 ponto. A última vez que a decisão do Copom foi tomada sem unanimidade foi em março deste ano. Naquela reunião, a taxa foi cortada em 0,75 ponto porcentual. Três membros do Copom votaram por uma redução de um ponto porcentual e seis pelo corte de 0,75 ponto porcentual.

A ata da reunião de ontem será divulgada na próxima quinta-feira, às 8h30.

Apesar de a Selic ter atingido o menor percentual desde a primeira reunião do Copom, em 1996, os juros reais do Brasil seguem como os mais altos do mundo. Com o corte de meio ponto, os juros reais (descontada a inflação do período analisado) caem para 8,7% ao ano. A Turquia, segunda colocada, aparece com juro real anual de 6,8%.

Falta de visão

?A queda da Selic, de apenas 0,5 ponto percentual, anunciada nesta quarta-feira, pelo Copom, vai tornando impossível ao Brasil reverter a amarga previsão que acaba de fazer a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico): a expansão do PIB brasileiro não deverá passar de 3,1% em 2006, 3,8% em 2007 e 4% em 2008?. A observação é do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, para quem o País não pode mais resignar-se ao conservadorismo econômico, ?como se este fosse um desígnio imutável de nosso destino?.

Skaf lembrou que, mesmo com a queda, a taxa brasileira continua sendo a mais alta do mundo. ?Isto inviabiliza a retomada do crescimento sustentado da economia já no início de 2007, como anseiam os brasileiros?, pondera, salientando estar faltando visão histórica e geopolítica, inclusive de curto prazo, aos membros do Copom e ao governo.

?Parece, por exemplo, que desconhecem as estatísticas do IBGE, que mostram: daqui a apenas 14 anos, em 2020, a Nação terá mais 30 milhões de habitantes, atingindo população de aproximadamente 220 milhões de pessoas. Como esperam que esses brasileiros, além dos milhões já excluídos, vivam com dignidade e incluídos nos benefícios da economia e nas prerrogativas da cidadania?? ? questiona. Para o presidente da Fiesp, programas como o ?Bolsa Família? e ?Fome Zero?, foram importantes, mas não podem ser o paradigma da inclusão socioeconômica, cuja efetivação deve advir da multiplicação do emprego e da renda?.

Consumidor

Logo após a divulgação da queda da Selic, o Banco do Brasil anunciou a redução – a partir de amanhã – das taxas de juros para cheques especiais, cartões de crédito e linhas de crédito direto ao consumidor (CDC). As taxas mínimas do cheque especial e do cartão de crédito foram reduzidas para 2,0% ao mês e as máximas para 7,70% ao mês. No crédito direto ao consumidor (CDC) foram reduzidas as taxas do CDC Salário (4,33% a.m.), CDC Empréstimo Eletrônico (4,62%), CDC Renovação (4,62%), BB Crédito Parcelado Cartão (3,10%) e BB Crediário (2,32%).

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