Sem Doha, Brasil deve focar acordos bilaterais

O fracasso do Brasil, da Índia, dos Estados Unidos e da União Européia na busca de um acordo comum para o avanço das negociações multilaterais da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), durante reunião do G4, do qual os países acima fazem parte, na Alemanha, deve abrir espaço para o Brasil focar sua política comercial em acordos bilaterais.

Para o presidente da Associação dos Analistas de Comércio Exterior (AACE), Rafael de Sá Marques, o País deve partir para os acordos bilaterais porque os EUA e a União Européia "não querem abrir mão de nada" nas negociações multilaterais. "A saída é buscar novos acordos e mercados de forma de forma bilateral, seja via Mercosul ou individual.

Marques ressalta que o Brasil precisa ampliar sua corrente comercial com os países da Ásia, da África e da América Latina. "Precisamos ampliar a política de acordos bilaterais com os países africanos, asiáticos e latino-americanos, que são os mercados alternativos que nos restam. Os Estados Unidos têm um grande fluxo comercial por negociar com quase todos os países do mundo", explica.

Balizador

Segundo o ex-presidente do Fórum Empresarial Mercosul-União Européia Ingo Plöger, as negociações entre o Mercosul e os europeus ficarão mais complicadas sem um acordo comercial no âmbito da OMC, além de se estenderem por mais tempo. "O acordo na OMC serviria como um balizador dos mínimos negociáveis entre os dois blocos, mas sem o acordo multilateral as negociações partiriam de uma patamar mais elevado, retardando o processo no mínimo em três anos.

Plöger ressalta que, em 2004, a União Européia e o Mercosul chegaram ao consenso nas tarifas comerciais de 9 mil itens e que boa parte dessas negociações poderia ser retomada. "Com a OMC fracassada, os blocos devem retomar as negociações já assumidas em outubro de 2004, em Lisboa, e que foram paralisadas à espera dos resultados da Rodada Doha." Para ele, O Brasil deveria concentrar "seus esforços diplomáticos" para resolver os problemas do Mercosul, além de buscar acordos com a Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).

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