Segundo secretário da Fazenda, PIB potencial está perto de 4,5%

O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou nesta quinta-feira (21) que o PIB potencial brasileiro está entre 4% e 4,5% e convergindo nos próximos anos para a faixa de 5% ao ano. O PIB potencial é uma medida que visa a calcular a capacidade de crescimento de uma economia sem provocar pressões inflacionárias. Por conta disso, embora a previsão de alta de 4,5% no PIB para este ano esteja mantida, a Fazenda não vê riscos de pressão inflacionária caso a economia cresça 5% já neste ano. "Nosso cenário é que haverá aceleração do crescimento da economia e que isso vai se traduzir em revisão para cima das medidas de produto potencial", afirmou.

Ontem, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos novos dados do PIB divulgados pelo IBGE, elevou de 3,1% para 3,8% o PIB potencial do País. Embora tenha um cálculo diferente, Barbosa elogiou o trabalho do Ipea e disse que a revisão deixa claro que, à medida que o País cresce de forma mais acelerada, a capacidade de crescimento naturalmente sobe.

Para ele, daqui a algum tempo, com a expansão mais acelerada da economia, o instituto, agora vinculado à Secretaria de Ações de Longo Prazo da Presidência da República, terá de fazer nova revisão do PIB potencial brasileiro. "Daqui a dois anos, se as metas do PAC tiverem sucesso e a gente conseguir elevar o crescimento do Brasil, essas medidas (de PIB potencial) serão revisadas e o Ipea vai dizer que o que estava em 3,8%, na verdade era de quatro e alguma coisa", acrescentou.

O economista destacou que essas variações a posteriori nas medidas de PIB potencial exigem que os condutores da política econômica tomem cuidado em suas decisões. "O produto potencial é uma medida global, constantemente revisada. Se o País está em período de mudança de patamar de crescimento, como é o caso do Brasil, no curto prazo aquilo pode parecer que é inflacionário. Mas, no longo prazo, sua estimativa será revista para cima e vai se verificar que o crescimento não era inflacionário", afirmou.

Por isso, avalia Nelson Barbosa, é importante trabalhar com cenários de crescimento para a economia no futuro para o cálculo do PIB potencial. Entretanto, pondera, isso não significa que o economista pode colocar a projeção que bem entender. "Há limites físicos, como é o caso, por exemplo, da questão energética no Brasil", afirmou. "O céu não é o limite", acrescentou.

Em termos práticos para o governo, o secretário avalia que essas ponderações significam que há espaço para o Brasil crescer sem pressões inflacionárias que exijam ações que restrinjam o nível de atividade. "Aceleração do crescimento pode gerar sinais temporários de pressão de demanda, mas estes sinais, à medida que a expansão se sustenta, serão reavaliados no futuro. O crescimento mais acelerado não necessariamente é preocupante do ponto de vista da inflação", disse.

Ele destacou que, nesse sentido, é crucial que sejam analisados o comportamento dos diferentes setores da economia, já que o PIB potencial é uma medida global. Ele explicou, por exemplo, que o setor eletroeletrônico está com forte aumento nas vendas, mas os preços ao consumidor estão caindo, um efeito da taxa de câmbio. E outros segmentos, que estão próximos do limite da capacidade instalada, estão realizando investimentos, o que não deve pressionar a inflação.

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