Segundo o Banco Central, não há mudança na estratégia de atuação

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, negou nesta segunda-feira (20) que as recentes medidas adotadas pela autoridade monetária em meio à crise financeira internacional sejam uma mudança na sua estratégia de atuação. Ele reafirmou que o compromisso do BC é com o regime de metas para a inflação. “Engana-se quem vê nas medidas adotas pelo BC uma mudança na sua estratégia de atuação”, afirmou. “É importante que isso esteja bem claro para a sociedade”, acrescentou.

Meirelles ressaltou, no entanto, que a calibragem e o timing da atuação do BC levam em conta o que está ocorrendo na economia brasileira, inclusive no que se refere à oferta de crédito e às incertezas trazidas pela crise externa, além de outros fatores. “As decisões do Copom (Comitê de Política Monetária) continuarão, em suma, a serem condicionadas pelas nossas projeções para a inflação e o balanço de riscos associados a essas projeções, e levarão em conta todos os desenvolvimentos recentes do mercado.”

Meirelles destacou que a atuação do BC visa a mitigar o impacto da crise, mas sem artificialismos, que podem gerar desequilíbrio que encerram riscos consideráveis para a economia. Ele salientou que, ao contrário do que muitos pensam, a autoridade monetária pode atuar com flexibilidade, pragmatismo e serenidade diante da crise, para a qual o País se preparou.

O presidente do BC salientou que a “pujança” da demanda doméstica, alicerçada no mercado de trabalho, deve continuar sustentando a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos meses, ainda que em ritmo mais modesto. “As economias emergentes, cujo crescimento depende das exportações, terão que fazer um ajuste mais rápido, sob pena de importarem de forma mais intensa a desaceleração” dos países mais ricos do mundo.

Contas públicas

Meirelles afirmou que as contas públicas do País são hoje um fator estabilizador na crise. Ele ressaltou que a cada 10% de depreciação do real existe uma queda de 1,1 ponto porcentual da dívida líquida em relação ao PIB. “Enquanto isso, as reservas internacionais, os compulsórios e a posição nos mercados futuros dão condições ao Banco Central de enfrentar as turbulências com força e serenidade”, destacou.

Meirelles afirmou que foi pelo fato de o País ter acumulado “um volume expressivo de reservas” no período da bonança que, agora, o governo dispõe de um vasto arsenal de recursos para prover liquidez adequada ao sistema. “Nossa tão criticada acumulação de reservas, sem prejuízo da necessária flexibilidade cambial, mostra-se hoje providencial.”

Meirelles salientou que o BC vem tomando diversas medidas para aliviar as restrições de liquidez em reais e em dólares. “Essas medidas devem mitigar os impactos da crise internacional sobre o Brasil”, previu. “Mas não temos a ilusão de que o País está totalmente imune ao que ocorre no exterior”, disse.

O presidente do BC fez essas afirmações durante cerimônia de posse da nova diretora da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) no início da tarde de hoje, na capital paulista. Mais cedo, ele esteve reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com a diretoria da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, também em São Paulo.