Segundo Henrique Meirelles, País não está imune a uma recessão nos EUA

Os avanços macroeconômicos tornaram o Brasil melhor preparado para enfrentar a possibilidade de uma recessão na economia dos Estados Unidos no próximo ano, mas o País certamente não está imune, afirmou nesta quinta-feira (22) o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, no seminário "O que esperar de 2008", em São Paulo. Ele destacou que o grande impulso para o crescimento do País vem da demanda doméstica.

Por outro lado, o presidente do BC admitiu que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) poderá sofrer algum efeito da crise da maior economia do mundo. "Vai depender muito do impacto da crise de crédito dos Estados Unidos, mas os efeitos para o Brasil serão muito pequenos", afirmou.

Meirelles destacou que a atividade econômica brasileira vem crescendo em função da alta da renda, do emprego e da lucratividade das empresas. "Esses fatores levam a uma alta do consumo e do investimento, o que provoca um aumento da oferta de bens de serviços", destacou.

Ainda sobre a crise, Meirelles lembrou que as vendas externas do Brasil para os Estados Unidos representam apenas 17% da pauta das exportações brasileiras. "É claro que o Brasil também vende para países que exportam para os EUA, mas esse efeito é muito mais amortecido do que em economias que possuem até 80% das vendas externas diretamente para o mercado norte-americano", avaliou.

Meirelles destacou também o elevado patamar das reservas internacionais brasileiras, que, segundo ele, funcionam como um colchão muito importante em momentos de incerteza. Durante palestra realizada no seminário "O que esperar de 2008", em São Paulo, o presidente do BC afirmou que a relação custo/benefício da manutenção das reservas tem se mostrado favorável ao País. "Trata-se da mesma discussão sobre a estabilidade econômica. Na medida em que a percepção de risco é menor com reservas maiores, os custos de capital são reduzidos e levam a uma maior oportunidade de crescimento", defendeu.

Meirelles mencionou como fatores positivos para a percepção dos agentes econômicos em relação ao Brasil o saldo positivo em conta corrente e trajetória de queda na relação dívida/PIB, além da inflação na meta e ancorada às expectativas para os próximos dois anos. "Estamos em condições muito mais confortáveis para enfrentar uma situação de turbulência internacional. Mas não há dúvida de que uma recessão nos EUA não é boa para ninguém", comentou.

O presidente do BC evitou se manifestar sobre os efeitos da não aprovação da prorrogação da CPMF pelo Congresso. "Vamos aguardar como vão correr os debates e a votação", limitou-se a dizer.

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