Sedimentação traz risco para as novas usinas

As novas usinas hidrelétricas brasileiras terão uma vida útil menor que a das atuais, por causa do aumento dos níveis de sedimentação, principalmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil. Só para controlar o assoreamento dos reservatórios das usinas já existentes, o País precisaria gastar R$ 100 milhões por ano.

Ao fazer o alerta, o geólogo Fernando Campagnoli, que atua na Superintendência de Concessões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), afirmou que as ações de prevenção adotadas pela Hidrelétrica de Itaipu podem ser consideradas um bom exemplo do que deve ser feito nas demais. Campagnoli participou do Fórum Internacional ?Diálogos da Bacia do Prata?, realizado esta semana em Foz do Iguaçu. Ele disse ainda que Itaipu ?faz até mais do que o necessário para conter o assoreamento?.

O diretor técnico executivo de Itaipu, Antonio Otélo Cardoso, explica que a Usina adota uma série de medidas para reduzir os níveis de sedimentação, principalmente através do Programa ?Cultivando Água Boa?, que busca a parceria com os municípios vizinhos ao reservatório e desenvolve diversas ações ambientais com a comunidade. O trabalho começa nas nascentes dos rios que deságuam no reservatório e se estende por toda a Bacia do Rio Paraná III.

A situação dos sedimentos nos rios brasileiros foi levantada pelo primeiro mapa de sedimentação desenvolvido pela Aneel. A partir disso, a agência pretende traçar o diagnóstico de cada um dos reservatórios e sua área de influência, para adotar medidas que prolonguem a vida útil desses reservatórios.

Ação das concessionárias

Para o próximo ano, a Aneel pretende elaborar um mapa da situação em toda a América do Sul, para que se possa entender os fluxos de sedimentos de um país para o outro, dentro de uma mesma bacia hidrográfica. O diagnóstico é crucial para a preservação das usinas e seus reservatórios.

O fórum discutiu uma série de sugestões para enfrentar o problema, e todas remetem inicialmente à necessidade de um diagnóstico da situação. Desde 2001, a Aneel cobra ação das empresas concessionárias, num Plano de Gestão Socioambiental, mas nunca definiu um modelo. Agora, prepara para o próximo ano as diretrizes para esse plano. ?Se a concessionária se preocupar com a sustentabilidade de seu próprio negócio, vai fazer esse plano?, avalia o diretor técnico executivo da Itaipu, Antonio Otélo Cardoso.

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