Seade/Dieese: indústria lidera demissões na Grande São Paulo

Depois de um mês de estabilidade, a indústria da região metropolitana de São Paulo voltou a demitir trabalhadores em abril, segundo dados divulgados hoje pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O setor liderou as demissões no mês passado, ao dispensar 57 mil trabalhadores, e já eliminou 166 mil vagas na comparação com abril do ano passado. O nível de ocupação na indústria caiu 9,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado. “O dado que mais nos assustou foi o comportamento da indústria em São Paulo, que teve fortes ajustes em janeiro e fevereiro, parou em março e, infelizmente, teve uma forte queda novamente em abril”, disse o coordenador da pesquisa pela Fundação Seade, Alexandre Loloian.

A queda de 9,5% do nível de ocupação na indústria em abril, na comparação com o mesmo mês de 2008, foi a maior de toda a série da pesquisa no que se refere ao comportamento da indústria nos meses de abril. A coleta de dados para o levantamento teve início em 1985. Na comparação com março, o nível de ocupação da indústria recuou 3,5%. As demissões do setor no mês de abril foram lideradas pelos segmentos de alimentação (-8,2% em relação a março), gráfica e papel (-6%) e metal-mecânica (-5,5%). Somente o segmento químico e de borracha contratou trabalhadores no período (3,6%).

Loloian lembrou que o saldo positivo de vagas na indústria em abril, medido pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e pelo indicador da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), só ocorreu pelo desempenho da indústria sucroalcooleira, concentrada nas cidades do interior do Estado.

“O problema é que o eixo da indústria da região metropolitana está sendo afetado por uma queda em todas as variáveis macroeconômicas: investimentos, renda, crédito e exportações. Se essas variáveis não se alterarem de uma forma importante no curto prazo, a situação será preocupante pela capacidade de arrasto que a indústria tem em relação a todos os demais setores”, ponderou, referindo aos efeitos sobre comércio e serviços. “Esperamos que seja uma queda pontual. A indústria tem esse papel hegemônico de definir os rumos da economia”, disse.

Para os próximos três meses, o coordenador prevê que a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo, que foi de 15% em abril, permaneça estável. Como dado positivo, ele ressaltou que o setor de construção civil já está reagindo à manutenção dos investimentos públicos e aos programas de incentivo à moradia. Em abril, o nível de ocupação do setor aumentou 11,3% na comparação com março. Em relação a abril de 2008, o indicador teve crescimento de 18,5%.

Depois de demitir mais de 100 mil trabalhadores no mês de março, o comércio dispensou bem menos em abril – cinco mil empregados, queda de 0,4% na comparação com março. Em relação a abril de 2008, a queda foi de 7,5%. Já o setor de serviços contratou 60 mil trabalhadores no mês passado, alta de 1,2% na comparação com março e de 2,3% em relação a abril de 2008. “Esse mês de abril deve ser celebrado principalmente porque a alta do desemprego parou. Se isso vai perdurar, ainda é muito cedo para dizer”, afirmou Loiolan.