Sarkozy defende reforma do sistema monetário mundial

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse que vai propor uma reforma do sistema monetário global até o fim do ano para defender a indústria que perde competitividade. Paralelamente, ele fez uma defesa da intervenção do Estado na economia. O discurso foi feito no dia em que o escritório de estatísticas da França (Insee) anunciou que a taxa de desemprego no país subiu para 10% no quarto trimestre do ano passado. Foi a primeira vez desde 1999 que a taxa atingiu dois dígitos.

“Se o dólar perder 50% de seu valor em relação ao euro, como poderemos compensar a perda de competitividade?”, perguntou Sarkozy durante discurso a trabalhadores numa unidade da Eurocopter em Marignane, perto do cidade portuária de Marselha, no sul da França. “No G-20 até o fim do ano, tentarei organizar um novo sistema monetário internacional”, disse. “Não podemos continuar assim”, acrescentou.

Apesar de uma recente queda no valor do euro, a França tem reiterado suas críticas ao sistema monetário atual. Em janeiro, Sarkozy pediu que os principais países industrializados e em desenvolvimento reunidos no G-20 voltassem sua atenção para os desequilíbrios cambiais e monetários. Na ocasião, ele disse que a desordem monetária se tornou “inaceitável”.

Nesta quinta-feira, a ministra das Finanças, Christine Lagarde, disse que a volatilidade do câmbio está causando grandes danos à indústria europeia e que é imperativo voltar às taxas de câmbio estáveis. “O que é intolerável para as indústrias da França e de outras partes na Europa é a excessiva volatilidade em períodos muito curtos de tempo”, disse Lagarde à Dow Jones em entrevista exclusiva em Marignane, onde acompanhava Sarkozy. “Não podemos continuar fazendo a economia trabalhar com tanta volatilidade”, disse.

O setor industrial da França enfrenta problemas cada vez maiores por causa essencialmente do aumento da concorrência global, da falta de especialização adequada e do pequeno porte das empresas. Os problemas das fábricas, amplificados pela desaceleração econômica, estão agora chegando ao mercado de trabalho, com o desemprego atingindo 10% nos últimos três meses do ano passado, conforme os dados divulgados hoje.

Um relatório elaborado por uma comissão de indústrias para Sarkozy mostra que a indústria responde por uma parcela cada vez menor de empregos na economia, com 21% do total em 2009, de 25% em 2000. Mais de meio milhão de empregos da indústria foram perdidos na última década. As informações são da Dow Jones.

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