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Sambar na Catuçaí, quem é que não quer?

Consumo de catuaba explodiu no Brasil nos últimos anos. Foto: Felipe Rosa.
Consumo de catuaba explodiu no Brasil nos últimos anos. Foto: Felipe Rosa.

Sambar na Catuçaí, quem é que não quer? A brincadeira é com o apelido dado para uma marca de catuaba, bebida alcoólica que está entre as mais consumidas nos últimos tempos, que traz o açaí entre os ingredientes. A bebida tem a mística de ser afrodisíaca, e tem tudo para dominar as ruas em 2018.

“O pessoal mais velho tomava e dizia que era tiro e queda”, diz Leandro Dias Dittrich, que trabalha com gastronomia na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Em uma festa sertaneja que foi, no ano passado, Dittrich conta que muitas pessoas consumiam a bebida, fato que aguçou sua curiosidade. “Na época estava solteiro, então o tempo todo eu estava com um copo de cerveja, um de vodca e dois de catuaba para dividir com o pessoal. Eu não senti nada de afrodisíaco, só a alegria das mulheres e os comentários de que é bom porque é docinho. Não sei se faz aquele tal efeito que dizem, mas tomei bastante”, revela.

A bancária Bruna Batista, 25, diz que, além do gosto, a catuaba tem mais uma vantagem. “Não tem aquela coisa chata da cerveja, de ter que ir ao banheiro toda hora. Você tem mais tempo de ficar conversando com a turma”, explica. Uma amiga de sua sogra apresentou a bebida em churrasco, e Bruna acabou aderindo à moda. “Nunca tinha ouvido falar, muito menos que era afrodisíaca. Mas também, com o teor alcoólico que ela tem, quem é que não fica animado? Meu namorado adora, todas as festas que vamos têm catuaba de açaí e já temos uma garrafa garantida para o carnaval. Para não faltar nem amor, nem folia”, brinca.

Quase sem explicação

O aumento no consumo da catuaba foi percebido pelos bares de Curitiba a partir de 2014, mas ninguém é capaz de cravar o motivo. “Houve um aumento considerável no consumo. As marcas deram uma remodelada, mas não sei dizer se é isso, não dá para explicar”, reflete Arlindo Ventura, o Magrão, dono d’O Torto Bar. Já sobre o aumento no desejo sexual provocado pela catuaba, Magrão brinca: “pode ser tão verdade quando a lenda do amendoim e do ovo de codorna”.

Para a psicóloga clínica Lissandra Fieltz, 44, formada pela UFPR e especialista em psicologia de grupos, o consumo de certos tipos de bebidas tem relação com as tribos urbanas. “Cada grupo tem a sua preferência. Não necessariamente se bebe catuaba por acreditar ser afrodisíaca, mas pelo conjunto de atitudes. O álcool é um fator desinibidor que contribui, porque burla a barreira do senso do que é correto e do que não é. À medida que se faz uso dele, a pessoa fica mais à vontade e o carnaval, culturalmente, carrega a ideia de que tudo é permitido”, explica Lissandra. “Além do mais, a catuaba tem um custo baixo, permite fácil acesso e entrou na moda. São fatores razoáveis para o aumento no consumo. Mas é bom desmistificar que os jovens estão bebendo catuaba porque querem fazer sexo”, conclui a psicóloga.

O que vale é a folia

Se ninguém sabe dizer ao certo o porquê de a catuaba ganhar espaço, o certo é que a bebida tem teor alcoólico de 12% a 17%, considerado alto em comparação com outras bebidas populares, como a cerveja, que tem entre 5% e 9%. Pelas ruas, é comum ver as pessoas consumindo as duas bebidas em conjunto, em copos separados. Além do místico poder afrodisíaco, a graduação de álcool e a composição doce da bebida podem fazer com que a embriaguez chegue de maneira repentina, sem que as pessoas percebam, por isso vale manter a atenção e a moderação.

No mais, nada a declarar até a quarta-feira de cinzas.