Salário passa a ser desafio para este ano

Além da pressão pela queda nos juros e pela redução das jornadas de trabalho sem diminuição de salários, o novo desafio das centrais sindicais, ainda para este ano, será discutir o próximo aumento do salário mínimo.

Estes e outros temas foram analisados ontem, em Curitiba, em um evento promovido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A ideia dos organizadores era debater, com os sindicalistas, o contexto das negociações coletivas em tempos de crise.

De acordo com o técnico do Dieese nacional, Sérgio Mendonça, garantir um bom reajuste no salário mínimo no início de 2010 deverá ser a “grande tarefa” das centrais sindicais.

Para ele, o contexto da economia em 2009 pressionará para que o novo valor tenha um aumento tímido. Em relação às negociações setoriais, Mendonça acredita que deverão variar bastante, nem só de acordo com o segmento, mas também conforme a região.

Segundo Mendonça, o debate promovido pelo Dieese, que acontece em todos os Estados do País, também ajuda o movimento sindical a enxergar o tamanho real da crise econômica e seus efeitos, e a atuar de forma unitária principalmente em discussões mais amplas, como as referentes a políticas públicas. “As centrais sindicais estão juntas nesse ponto, superando divergências, que são mais pontuais”, diz.

Para o técnico do Dieese, questões como emprego, salário mínimo, juros e ajuste fiscal são exemplos de áreas em que o movimento sindical tem mantido discurso alinhado. “Há 10 anos, as centrais não discutiam o salário mínimo, por exemplo. Hoje, já olham para políticas mais amplas, além de suas categorias específicas”, analisa.

Consenso

Para o vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Paraná, Miguel Baez, já há um consenso entre os sindicalistas de que a crise é séria. Ele considera que a convergência entre as centrais sindicais é positiva, e é um demonstrativo de maturidade dos dirigentes.

Mesmo assim, não vê uma boa perspectiva para as negociações coletivas deste ano. “Em 2007, 90% dos acordos foram com reposição acima da inflação. Agora, lutamos para perder o mínimo possível”, afirma.

O presidente da regional paranaense da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB-PR), Juvenal Pedro Cim, mantém o discurso: “Se nós, trabalhadores, somos a alavanca do progresso, temos que defender a produção e o emprego.

Para o País sair da crise, tem que baixar os juros e manter a inflação baixa”, diz, admitindo que seria imprudente dizer que o Brasil apresentará crescimento este ano.