Bolso inteligente

Saiba como conter os gastos com as tentações da Copa do Mundo

Haja bolso para desfrutar de tudo que o mercado de bens e serviços lançou para torcedores desfrutarem da Copa do Mundo no Brasil, de cosméticos e vestuários até réplicas de taças de chocolate. O mais preocupante na defesa diária do orçamento é que a percepção dos consumidores sobre os gastos da temporada fica restrita aos itens de maior valor, como ingressos para as partidas ou os televisores com dezenas e mais dezenas de polegadas. E assim como em uma partida de futebol, se a zaga não souber deter o ataque, o placar final será desfavorável nas finanças pessoais.

O educador financeiro Reinaldo Domingos alerta para esse consumo sazonal. “Entre os brasileiros, 98% da população está ou no grupo de equilibrados, que não tem dívidas tampouco investimentos, ou no grupo dos endividados. Ambos, se não tiverem a percepção desses gastos extras, apresentam um risco muito grande de se complicarem financeiramente”.

Ele avalia ainda que o grupo dos equilibrados possui um risco ainda maior. “Os endividados já têm uma noção do comprometimento de sua renda com parcelamentos, mas os equilibrados podem ser mais vulneráveis a contrair uma dívida, sem refletir sobre a necessidade de tal consumo”, explica. “Na verdade, não há nenhuma problema em gastar com a Copa nos mais variados itens, só que são escolhas e isso deveria ser consequência de uma reserva financeira para essa finalidade, o que no Brasil não acontece, porque ainda somos muito imediatistas no modo de consumir”, acrescenta.

Para se ter uma noção dos riscos que o mundial representa para a renda de cada um, uma rede de supermercados estima que as vendas de televisores, entre os meses de maio e junho, devem ser 135% superiores em relação ao mesmo período de 2013. Só que essa mesma rede também desenvolveu uma linha específica para o evento, com 61 itens entre alegorias, vestuário e até uma poltrona inflável. Além disso, deve aumentar em 20% a comercialização de itens relacionados ao segmento bebidas, carnes e petiscos.

A projeção se confirma nas ruas. Os amigos Otávio Augusto Vidigal e Gerson Cavalin planejam assistir aos jogos em casa, mas reunidos com um grupo de 15 pessoas. “Para não pesar pra ninguém, vamos dividir os custos. Cada um traz uma caixa de cerveja, ou completa com dinheiro”, explica Vidigal, que comprou uma televisão de 50 polegadas para ver as partidas.

O casal Lívia de Paula Mello e Danilo Alves afirma estar alheios aos preparativos. “Não gostamos de futebol”, explica Alves. Mesmo assim dizem que entre as pessoas próximas percebem que existe uma movimentação nesse sentido. “Tem gente que comprou até sofá novo, mas acho que os gastos com reuniões serão poucos, já que são poucos jogos e as pessoas estão acostumadas a se reunir para ver outros campeonatos”, pondera Lívia.

Álbum x camisa oficial

Um dos itens da Copa que mais comprovam a falta de consciência sobre os gastos relacionados ao evento é o álbum de figurinhas. Com apenas R$ 5 se adquire a versão mais econômica do álbum. Mas são 340 figurinhas de seleções mais as páginas extras que, para serem preenchidas, exigem de cada colecionador a compra de pelo menos 70 pacotes de adesivos no valor R$ 5. E pelo volume de vendas, muitas pessoas desembolsaram entre R$ 70 e R$ 200 para completar o álbum. Ou seja, dependendo da sorte de cada um o investimento no álbum pode ser superior ao valor de uma camisa oficial da seleção brasileira. “Já foram vendidas 30 mil figurinhas, dá uma média de 800 por dia”, comemora o jornaleiro Francisco Ribeiro da Silva. Ele completou dois, um para a sua coleção e outra para o filho. ‘Pelo menos para as bancas, a Copa ajudou o faturamento, já que o sucesso do álbum interfere no movimento como um todo”, destaca Silva.

Anote e note

Em função dessas surpresas, a Tribuna disponibilizou a tabela acima para o seu controle na temporada. Dá para preencher e calcular automaticamente os gastos. Segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos, quem não abre mão da confraternização nos dias de jogos, deve optar por celebrações caseiras. “Além de todos os problemas envolvendo bebidas e legislação, quem for a bares e restaurantes corre o risco de gastar muito além do desejado e ainda sofrer com um atendimento lento, pois os próprios atendentes também estarão entretidos com o jogo”, explica.