Safra apresentou queda de 5,51% em 2005

O país colheu em 2005 112,715 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado representa uma queda de 5,51% em relação à safra de 2004, quando foram colhidas 119,294 milhões de toneladas de grãos. A área colhida foi de 47,604 milhões de hectares, o que representa uma queda de 0,58% em relação ao ano anterior.

O ano passado foi particularmente desfavorável para a agricultura. Em 2004 e 2005, a seca que atingiu a região Sul do país, principalmente o Estado do Rio Grande do Sul, frustrou expectativas e contribuiu para quedas significativas na produção.

Custos de produção elevados, dólar desvalorizado e queda na produção criaram um cenário desfavorável para os produtores. As previsões iniciais para 2005 indicavam uma safra recorde, mas as adversidades climáticas e econômicas contribuíram para o desempenho mais fraco.

Em dezembro, destacaram-se as variações nas estimativas de produção de três culturas em relação a novembro: batata-inglesa terceira safra (2,82%), feijão em grão terceira safra (-4,53%) e milho em grão segunda safra (1,08%).

Segundo o IBGE, como a colheita já foi encerrada em todos os estados que informam os produtos citados, as diferenças entre novembro e dezembro são resultado de ajustes nas estimativas de produção de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.

Dos 20 produtos analisados, nove apresentaram alta na comparação com 2004: batata-inglesa terceira safra (24,05%), cacau em amêndoa (10,43%), cana-de-açúcar (1,32%), feijão em grão segunda safra (6,13%), feijão em grão terceira safra (9,98%), mamona (29,42%), mandioca (10,71%) e soja em grão (3,26%).

Outros produtos como milho em grão de primeira e segunda safra, sorgo e trigo em grão apresentaram quedas significativas em relação a igual período de 2004.

Neste ano, previsão é de crescimento de 13,22%

O segundo prognóstico do IBGE em relação à safra de 2006 nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste e nos Estados de Rondônia, Bahia, Piauí e Maranhão prevê um aumento de 13,22% na produção de grãos na comparação com 2005. Segundo o instituto, a produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve chegar a 127,612 milhões de toneladas. O crescimento reflete em parte a base fraca de comparação. A safra de 2005 foi de 112,715 milhões de toneladas e representou uma queda de 5,51% em relação ao ano anterior.

A estimativa considerou as projeções das culturas de inverno, como aveia, centeio, cevada e trigo e dos produtos de segunda e terceira safras. Nos estados onde não foi realizado o levantamento, foram usadas as informações dos anos anteriores.

Entre os onze produtos pesquisados, o IBGE estima que haverá uma redução de 4,68% da área plantada em relação a 2005. Ela deve chegar a 46,930 milhões de hectares. O instituto estima a área colhida em 47,302 milhões de hectares, o que representa uma redução de 0,79%.

O IBGE prevê redução nas áreas plantadas de algodão herbáceo em caroço, amendoim em casca primeira safra, arroz em casca, batata-inglesa primeira safra, cana, mandioca e soja em grão. Em relação à produção, há perspectiva de queda para o algodão herbáceo em caroço, amendoim em casca e batata inglesa primeira safra.

As baixas cotações do algodão herbáceo e os custos altos de produção levaram o IBGE a prever uma redução de 24,24% na produção deste item. Espera-se uma produção de 2,774 milhões de toneladas, numa área plantada de 899 mil hectares (menor em 28,76%) e uma produtividade de 3.084 kg/ha, superior em 5,73% à de 2005.

O algodão não é o único produto com previsão de queda na produção. O IBGE estima que a produção de arroz vai cair 11,60% e somar 11,698 milhões de toneladas, em razão dos preços baixos e das dificuldades na comercialização da safra de 2005. A maior queda esperada na produção é na região Centro-Oeste (-54,43%).

Os preços em alta em 2005 levaram à ampliação das áreas de plantio do feijão primeira safra em 2006. O IBGE prevê uma alta de 29,28% na produção, com 1,821 milhão de toneladas.

Com a recuperação do nível de produtividade, após as perdas verificadas na região Sul no ano passado, o IBGE prevê aumento na produção de milho de 27,22%.

Segundo o IBGE, existe uma tendência de queda da área plantada de soja em 2006. O plantio está finalizado nos principais pólos produtores dessa leguminosa no País, destacando-se as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e o Estado da Bahia. Assim, para a futura safra de soja brasileira, prevê-se uma produção da ordem de 59,235 milhões de toneladas, superior 16% à obtida em 2004 (51,138 milhões de toneladas). A área decrescerá 6% e a produtividade aumentará em 21%, situando-se em 23 milhões de hectares e 2.695 kg/ha, respectivamente.

O instituto destaca que apesar da perspectiva de aumento da produção, as projeções de preço continuam negativas em razão dos estoques mundiais altos.

O clima, vilão da safra do ano passado, já dá sinais de preocupação na região Sul. Segundo o IBGE, já se observa ausência ou irregularidade de chuvas o que preocupa os produtores de soja e milho.

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