Sacrifício continua, agora em Grandes Rios

Três horas e vinte minutos foi o tempo que atiradores da Polícia Militar levaram ontem para sacrificar os 84 animais da Fazenda Flor do Café, em Bela Vista do Paraíso, considerada foco de febre aftosa pelo Ministério da Agricultura. Com isso, subiu para 461 o número de bovinos mortos até agora. Hoje a Comissão de Avaliação, Taxação e Sacrifício e a Comissão de Necropsia seguem para Grandes Rios, onde devem acompanhar o sacrifício de 39 animais da Fazenda Santa Izabel.

O sacrifício na Fazenda Flor do Café começou por volta das 11h, com três horas de atraso, e terminou às 14h20. A Flor do Café pertence ao pecuarista José Moacir Turquino, proprietário da Fazenda Bonanza, em Eldorado (MS), também apontada como foco de febre aftosa. O gado foi abatido por três atiradores da PM e enterrado em uma vala de 30 metros de comprimento, seis de largura e cinco de profundidade.

Dois dos 84 animais tiveram as vísceras coletadas ontem para necropsia. O material será enviado ao laboratório do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), no Rio de Janeiro. A realização das necropsias foi a condição imposta pelos proprietários das sete fazendas apontadas como focos de febre aftosa para autorizar o sacrifício dos animais.

Hoje será a vez do rebanho da Fazenda Santa Izabel, em Grandes Rios, formado por 39 animais. A intenção, segundo a Seab, é iniciar os trabalhos às 8h. Somente um dos animais terá as vísceras retiradas para exames.

O sacrifício sanitário dos animais suspeitos de aftosa começou na última quarta-feira, com o abate de 377 animais das fazendas da Cesumar (Centro Universitário de Maringá) e Pedra Preta.

O abate dos outros 6,2 mil animais só deve ocorrer na semana que vem, sem data confirmada. Pelo cronograma inicialmente divulgado pela Seab, a Fazenda Cachoeira, com 1.795 cabeças de gado, deve ser a próxima. A Cachoeira foi a primeira do Paraná a ser declarada como foco de aftosa pelo Ministério da Agricultura, no dia 6 de dezembro. De lá para cá, diversas pendências judiciais impediram o abate. Depois da decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região autorizando o sacrifício, no mês passado, houve atraso na entrega da manta impermeabilizante que cobre as valas – uma exigência da Secretaria Estadual do Meio Ambiente para impedir danos ambientais. O rebanho da Fazenda Cachoeira, pertencente a André Carioba, foi avaliado em R$ 1,285 milhão.

Os trabalhos só serão finalizados em Loanda, com o abate das 2.500 cabeças de gado da Fazenda São Paulo, de propriedade de Pedro Garcia Pagan, e de outras 1.903 da Fazenda Alto Alegre, do pecuarista Jonas de Andrade Gois. Como as duas propriedades estão localizadas em solo arenoso, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) também exigiu a colocação de mantas impermeabilizantes nas valas onde serão enterrados os animais.

Os proprietários das fazendas devem ser indenizados em um mês. Conforme valores definidos pela Comissão de Avaliação, Taxação e Sacrifício, metade da indenização será bancada pelo Ministério da Agricultura e outra metade pelo Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Fundepec-PR).

Livre de aftosa

Aos poucos, o Paraná está colocando fim à crise da aftosa, que afeta toda a cadeia produtiva desde o dia 21 de outubro, quando surgiu a suspeita de quatro focos da doença no Estado. Também, a passos lentos, está mais próxima a certificação de área livre de vacinação com aftosa – status conquistado em 2000 e perdido em dezembro passado, quando o Ministério da Agricultura declarou a existência de um foco da doença no Estado. A reconquista da certificação irá acontecer seis meses depois de abatido o último animal suspeito da doença. 

China estuda habilitar novos frigoríficos

Brasil e China poderão ter em breve seus sistemas de inspeção animal equivalentes, o que possibilitará o aumento do número de estabelecimentos exportadores de carnes bovina e de aves autorizados a exportar para aquele país asiático. Para isso, uma missão veterinária da China começou ontem um roteiro de visitas ao Brasil.

O grupo inspensionará um total de nove frigoríficos nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Integram a missão veterinária seis técnicos do Departamento de Inspeção de Alimentos e do órgão de certificação da China.

Anteontem, a delegação chinesa se reuniu, em Brasília, com técnicos das secretarias de Defesa Agropecuária e de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para definir o cronograma das visitas.

A expectativa da Secretaria de Defesa Agropecuária é de que ao final do roteiro, a China amplie a lista de frigoríficos habilitados à exportar, incrementando as relações comerciais. Atualmente, três frigoríficos produtores de carnes de aves e cinco de carne bovina são habilitados a vender para a China. A reunião final entre técnicos dos dois países ocorrerá dia 20 na Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de São Paulo.

A China é dos principais compradores de produtos do agronegócio brasileiro. Em fevereiro, o setor exportou para o mercado chinês o equivalente a US$ 124,7 milhões, 27,3% do total exportado para a Ásia. Em relação à fevereiro de 2005, quando o Brasil exportou US$ 64,7 milhões em produtos do agronegócio para a China, houve um aumento de 14,9% da receita em igual período deste ano.

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