Rússia mantém embargo à carne

Moscou (Rússia) – Mesmo depois de toda a argumentação da comitiva brasileira, liderada pelo vice-presidente José Alencar, os russos mantiveram o embargo à importação da carne brasileira. Segundo o primeiro-ministro russo Mikhail Fradkov, é preciso mais tempo para tomar uma decisão. Fradkov deu a declaração após a terceira reunião da Comissão Brasileiro-Russa de Alto Nível de Cooperação, em Moscou.

A questão fitossanitária da carne é o ponto de maior divergência. As autoridades russas vetaram a compra da carne depois da confirmação de um caso de febre aftosa no Amazonas, região que não é exportadora. O vice-presidente, que co-presidiu a reunião, disse que o governo não forçou uma decisão dos russos e voltou a destacar que as empresas precisam conhecer o processo brasileiro. “Esse problema não existe no Brasil e, por isso, estamos tranqüilos”, destacou Alencar.

O governo entregou aos russos, ontem, um relatório com mais de 300 páginas com informações sobre os métodos sanitários adotados na produção. Fradkov informou que os debates não ficaram apenas em torno do impasse da carne. Os representantes iniciaram discussões sobre a criação de uma empresa brasileiro-russa para o setor de processamento de carne. De acordo com ele, ainda não há previsao de quando a empresa poderá ser criada.

O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Amauri Dimarzio, que também participou do encontro, argumentou que o Brasil vende carne para 127 países e apenas a Rússia criou o impasse. O embargo se estendeu para todos os tipos de carne produzidos no Brasil, inclusive peixe. Segundo o secretário, o governo vai negociar para que os russos estipulem uma data para analisar o relatório e para que liberem imediatamente a venda de frango, já que o animal não tem relação com a doença. Segundo Dimarzio, a suspensão ainda não está causando prejuízos para os produtores. Caso o embargo persista, os prejuízos podem surgir a partir de meados de novembro e podem chegar a US$ 150 milhões.

Cotas

Segundo José Alencar, o primeiro-ministro russo, Mikhail Fradkov, recebeu de “forma positiva” a proposta dos brasileiros para que a Rússia implante um sistema de tarifas em substituição às cotas de importação determinadas para os países na Organizacao Mundial do Comércio (OMC). “Para entrar na OMC, eles precisam respeitá-la. O Brasil é o país que mais obedece à OMC, não há o subsídio a nenhum produto. Somos realmente competitivos”, disse. Para o Brasil, o sistema de tarifas vai permitir ao Brasil competir por mais espaco no mercado russo, já que as cotas privilegiam os norte-americanos e europeus.

Parcerias

O primeiro-ministro russo ressaltou que existem grandes perspectivas de parcerias entre Brasil e Rússia na área de energia nuclear, espacial e alta tecnologia. O vice-presidente José Alencar também se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, e com os presidentes do Conselho da Federação da Assembléia Federal da Rússia, Dimitri Mezentsev (o equivalente ao nosso Senado), e da Duma de Estado da Assembléia Federal da Rússia, Boris Gryzlov (correspondente a nossa Câmara dos Deputados). O vice-presidente segue agora para Sao Petersburgo, cidade localizada a 700 quilômetros de Moscou.

O presidente russo Vladimir Putin anunciou ontem sua intenção de viajar ao Brasil antes do fim do ano. “Estou me preparando para visitar o Brasil e espero muito desta visita”, disse Putin, acrescentando que o Ministério das Relações Exteriores e outros órgãos finalizam documentos que serão “firmados no mais alto nível”.

Putin afirmou que o diálogo político entre a Rússia e o Brasil se encontra num nível elevado e que suas relações pessoais com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “são muito cordiais”. Alencar disse que o País espera muito da visita do presidente russo, que será a primeira na história das relações entre ambas as nações.

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