Rosenberg vê no relatório do BC exigência de subir juro

A piora sensível das projeções de inflação é o destaque do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central, divulgado na manhã desta quinta-feira. A avaliação é da economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara. De acordo com ela, a possibilidade de elevação dos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) existe, mas não aparece de forma clara ainda no relatório, que aponta a necessidade da medida. “(O relatório) Veio com um tom um pouco mais alto com relação à inflação, mas ainda sem sinalização muito clara. Deixa aberta a possibilidade de elevação dos juros já para a próxima reunião”, comentou. “O conteúdo todo do relatório sinaliza necessidade de elevar o juros”, disse a economista.

A projeção para a inflação neste ano, no cenário de referência, subiu de 4,8% para 5,7%. Para o próximo ano, a elevação foi de 4,9% para 5,3%. “Até o primeiro trimestre de 2015, tanto no cenário de referência como no de mercado, as projeções do BC estão bem acima do centro da meta. Esse é o principal do relatório.”

No sumário do documento consta: “Diante do exposto, o Comitê irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária”. A expectativa da Rosenberg é de que o Copom suba em 0,25 ponto porcentual ao ano a taxa Selic no próximo encontro, em abril.

A repercussão das declarações da presidente Dilma Rousseff sobre inflação, proferidas na reunião da cúpula dos Brics, pode acelerar a definição sobre a alta da taxa básica de juros, acredita a economista. Dilma afirmou na quinta-feira não acreditar em “políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico”. O mercado reagiu e a própria presidente e também o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, procuraram a imprensa para esclarecer a situação. Mais tarde, a presidente disse que suas falas haviam sido “manipuladas”.

“Pode até ser que toda essa confusão acabe acelerando a definição por uma alta de juros para poder acalmar um pouco os ânimos do mercado e sinalizar que o BC está atento à inflação e que, de fato, continuamos num regime de metas”, afirmou Thaís.

Para a economista, o RTI acabou inclusive “perdendo um pouco de importância frente a todo o quiproquó de ontem”.

Crédito

A economista ressaltou ainda que o RTI traz um boxe sobre a nova estrutura de dados de crédito, “que vem corroborar a melhor abertura que eles fizeram nos dados de crédito”. Segundo Thaís, o novo formato do documento mensal do BC sobre crédito, instituído recentemente pelo BC, pode servir como “suporte melhor para entender o encadeamento da política monetária pelo canal do crédito”.