Risco para estabilidade se mantém elevado, diz BC

O Banco Central avaliou que, desde novembro, os riscos para a estabilidade financeira global se mantiveram elevados e teve continuidade o processo de deterioração do cenário internacional. O Copom destacou que o cenário internacional manifesta viés desinflacionário no horizonte relevante.

“Já naquela oportunidade (da divulgação de ata de novembro), se contemplavam reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos”, afirma o documento.

Na avaliação do Copom, manifestada na ata divulgada hoje, permanecem elevadas as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado. Para o BC, “parece limitado” nessas economias o espaço para utilização de política monetária e prevalece um cenário de restrição fiscal.

“Além disso, em importantes economias emergentes, apesar da resiliência da demanda doméstica, o ritmo de atividade tem moderado, em parte, consequência de ações de política e do enfraquecimento da demanda externa, via canal do comércio exterior”, diz o BC.

Reajuste da gasolina

O Banco Central manteve a previsão de que os preços da gasolina e do gás de botijão devem ter aumento zero no acumulado de 2012. De acordo com a ata da reunião de janeiro do Comitê de Política Monetária (Copom), os diretores do BC preveem ainda que as tarifas de telefonia fixa devem ter aumento de 1,5% no ano e a eletricidade deve ser reajustada em 2,3% em 2012. Todas as previsões são idênticas às feitas na ata passada, na reunião de novembro de 2011.

O documento mostra ainda que a previsão de aumento do conjunto de tarifas públicas – também conhecidas como preços administrados – foi mantida em 4% em 2012, mesmo valor considerado em novembro. Para 2013, a expectativa de reajuste desse conjunto de itens foi elevada ligeiramente, de 4,5% previstos no encontro anterior para 4,6%.

Segundo o BC, essa estimativa leva em conta, “entre outras variáveis, componentes sazonais, variações cambiais, inflação de preços livres e inflação medida pelo Índice Geral de Preços (IGP)”.

Termo relevante

O Banco Central retirou do texto da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) a expressão “relevante” que era usada para contextualizar os riscos para a inflação decorrentes do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda na economia brasileira.

Na ata da reunião de novembro do Copom, a palavra “relevante” foi usada para qualificar o descompasso. Mas na ata divulgada hoje, referente a reunião do Copom da semana passada, o BC retirou a palavra relevante, mantendo a avaliação de que esses riscos são decrescentes.

“O Copom avalia como decrescentes os riscos derivados da persistência do descompasso, em segmentos específicos, entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda”, diz o documento, divulgado nesta manhã pelo BC.

Na ata, o BC destaca, no entanto, que a estreita margem de ociosidade no mercado de trabalho – apesar dos sinais de moderação nesse mercado – traz risco importante de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade. Para o BC, esse risco pode ter repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação. O Copom ressaltou, porém, que o nível de utilização da capacidade instalada tem recuado e se encontra abaixo da tendência de longo prazo.

“Ou seja, está contribuindo para a abertura do hiato do produto e para conter pressões de preços”, diz a ata. O integrantes do Copom também observaram que, de modo geral, os preços das commodities nos mercados internacionais têm apresentado comportamento benigno.