Risco-País desaba e fluxo derruba dólar para R$ 2,71

O patamar histórico do risco-País foi a senha para um dia de fortes perdas no mercado brasileiro de câmbio. O indicador de risco caiu quase 2% e rompeu o persistente piso dos 400 pontos, enquanto a taxa cambial não sustentava o patamar dos R$ 2,73. Operadores acreditam que o dólar termine o ano, no máximo, em R$ 2,75. No início de 2004, as projeções indicavam taxa entre R$ 2,90 e R$ 3,10.

Em meio à derrocada internacional da moeda americana, nem tesourarias de instituições financeiras nem exportadores querem ficar posicionados em dólar internamente. Nesse cenário, o dólar comercial encerrou o dia com perdas de 1,02%, cotado a R$ 2,711 para venda (a mínima do dia foi R$ 2,710).

Os leilões do Banco Central, um dos poucos fatores de sustentação da taxa cambial, não pararam de "surtir efeito" nas mesas de câmbio e hoje o mercado viu mais uma demonstração, quando a própria instituição comprou moeda a preços pouco abaixo dos praticados no momento do anúncio.

"O risco-País ajudou, juntamente com o fluxo positivo do mercado", afirma José Carlos Benites, da mesa de câmbio da corretora Moeda. Várias empresas também adiantaram preços para ACC (contratos de adiantamento de câmbio) porque "ninguém sabe até onde o Banco Central vai brigar com o mercado e a que nível a taxa pode cair", diz Benites.

A taxa não parou de cair, mesmo após o décimo leilão de compra do Banco Central, que pela primeira vez comprou moeda a preços até abaixo do mercado. "Desta vez, o BC atuou certíssimo. Ele entrou efetivamente para recomprar divisas para as reservas", afirma o diretor da corretora Pioneer, João Medeiros.

Risco-País despenca

O indicador de risco-País do Brasil atingiu níveis históricos nesta sexta-feira e bateu os 392 pontos no final da tarde. A cotação do título da dívida soberana C-Bond avançou 0,11% enquanto o Global-40 teve ganhos de 0,42%.

A menor taxa de risco registrada foi em 22 de outubro de 1997, quando o indicador bateu os 337 pontos. A taxa de risco sinaliza o grau de confiança do investidor internacional ("global player") na economia brasileira e indica as expectativas de fluxo de investimentos para o País.

Desde setembro de 2002, no pico da crise de confiança doméstica (taxa de 2.443 pontos), o índice de risco recuou 83,91%.

Analistas afirmam que a melhora do risco-País brasileiro é resultado de pelo menos dois fatores agindo nos últimos dois anos: a) aumento da liquidez internacional, que beneficia particularmente os ativos brasileiros; b) melhora da estrutura das contas públicas não apenas do Brasil mas do restante dos países latino-americanos.

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