Risco Brasil acumula alta de 15% no ano

O risco Brasil, termômetro da desconfiança do investidor estrangeiro na capacidade de o país pagar sua dívida, acumulou uma alta de 10% nesta semana e de 25% no ano. Só anteontem (quinta-feira, véspera de feriado), o indicador subiu até 3,6%, atingindo máxima de 480 pontos, o patamar mais elevado desde outubro de 2004.

Essa disparada do risco reflete a desvalorização dos títulos da dívida externa brasileira, como o C-Bond e o Global 40, e as mudanças realizadas nas carteiras de grandes investidores, que estão preferindo comprar papéis do Tesouro dos EUA.

Nas últimas semanas, grandes bancos e fundos ?desovaram? papéis brasileiros no mercado, que desabaram para o preço mais baixo desde setembro do ano passado. Por exemplo, as principais instituições financeiras norte-americanas, como JP Morgan e Merrill Lynch, recomendaram nos últimos dias a seus clientes que reduzam suas aplicações em títulos de países emergentes, como o Brasil.

?Há uma corrida para ativos de qualidade, com menor risco para o investidor. Isso gera no mercado um medo de fuga de capitais nos países emergentes?, disse o analista da corretora Comex, Alessandro Malagutti.

Com a maior procura por títulos do Tesouro dos EUA, o rendimento desse papel subiu muito nas últimas semanas e alcançou seu maior patamar em 10 meses (acima de 4,60%).

Esse movimento ocorre porque os economistas desconfiam que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) vai em breve elevar o ritmo de alta dos juros da maior economia do mundo, depois de ter alertado para o aumento das pressões inflacionárias. Na quarta-feira passada, o juro subiu pela sétima vez consecutiva e está em 2,75% ao ano.

?Por ter uma dinâmica diferente, o risco Brasil não seguiu o clima mais calmo no mercado doméstico? (verificado na quinta-feira), disse Alexandre Vasarhely, do banco ING.

O risco-país é calculado pelo banco norte-americano JP Morgan, que usa a média dos rendimentos dos títulos da dívida externa e compara com as taxas pagas pelos papéis do Tesouro dos EUA, considerados como de ?risco zero? de calote.

Na prática, um patamar mais alto do risco prejudica empresas e bancos que tomam dinheiro emprestado no exterior, pois esse indicador serve para balizar o custo dos financiamentos, como nas captações de recursos por meio da emissão de bônus.

Durante as turbulências com a eleição presidencial em 2002, o risco Brasil chegou a superar 2.400 pontos. Já o menor da história foi de 337 pontos, em outubro de 97.

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