Restaurantes boicotam tíquetes hoje

Consumidores que usualmente pagam suas refeições em restaurantes com tíquetes-alimentação devem ter dificuldades hoje para conseguir utilizá-los. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) está realizando um dia de protesto, e estabelecimentos de grandes cidades brasileiras não devem aceitar os tíquetes. Em coletiva, o presidente da Abrasel seccional Paraná, José Henrique Carlan, disse que o protesto acontece por causa das altas taxas cobradas pelas grandes operadoras que compõem a Associação das Empresas de Refeição e Alimentação para o Trabalhador (Assert). ?Não somos contra os vales. Mas as operadoras cobram cerca de 7,5% a 8% do valor dos tíquetes, o que acaba fazendo com que tenhamos que repassar esses custos para todos os consumidores.?

Carlan afirmou também que há outros custos – como taxa administrativa, taxa de adesão, anuidade, custo financeiro de reembolso, mensalidades de equipamentos eletrônicos – que junto com o valor pelas operadoras pode chegar a 10% e 12% do faturamento bruto com vales. Uma cobrança justa, para ele, estaria em torno de 3% e 3,5%, como ocorre com cartões de crédito.

De acordo com Carlan, o pequeno grupo de empresas que compõe a Assert controla 70% do mercado e negocia com os estabelecimentos separadamente, tendo assim, um alto poder de negociação. ?Grandes cadeias de alimentação, conseguem porcentagens de cobrança menores, porque têm mais força na hora de negociar?, disse.

O primeiro protesto no País dessa natureza aconteceu em Curitiba, no mês de agosto, durante o 17.º Encontro da Abrasel, quando cerca de 300 restaurantes recusaram o recebimento dos tíquetes e explicaram aos clientes o motivo. ?Com taxas menores de cobrança, poderíamos baixar os preços e atrair mais clientes?, afirmou Rogério Tomé, proprietário de um restaurante no centro. Segundo ele, 40% de seus clientes pagam com vales, mas estabelecimentos próximos à empresas chegam a receber 70% dos pagamentos em tíquetes.

O presidente da Abrasel nacional, Paulo Solmucci, disse que hoje haverá uma audiência com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e que pode ser decidida pela entrada com uma ação popular no Ministério Público contra a Assert. Ele afirmou que em 2002 foi feita uma negociação – entre a Assert, a Abrasel e outras entidades. ?Foi feito o acordo de que as operadoras não poderiam ultrapassar 3,5% sobre o faturamento no primeiro ano de implantação dos vales eletrônicos, o que deveria acontecer neste ano e, após esse período, a taxa cairia para 2,5%?.

Assert

Em nota oficial, a Assert lamenta que a Abrasel organize boicote, não recebendo vales-refeição. Segundo a entidade, o diálogo e a cooperação se constituem caminhos adequados para superação de impasses. A Assert informa também que por ser uma entidade representativa das empresas operadoras do sistema de refeição e por estar em regime de livre concorrência não possui registro das práticas comerciais dos associados, não tendo como informar sobre taxas que são cobradas, nem podendo interferir nos relacionamentos comerciais entre as empresas e seus parceiros.

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