Requião propõe a Dilma compra da UEG Araucária

O governador Roberto Requião e a ministra das Minas e Energia, Dilma Rousseff, discutiram, na última sexta-feira à noite, em Curitiba, a situação da UEG Araucária, usina a gás construída no governo anterior e que está paralisada porque a termelétrica não se ajusta ao sistema estadual e nacional de distribuição de energia.

No encontro realizado na residência oficial do governador, Requião propôs à ministra a compra das ações da El Paso (EUA) pela Petrobras e pela Copel. “A Petrobras poderia comprar metade da ações e a Copel a outra metade”, explicou o governador, que disse ainda que a usina, do jeito que foi entregue, se revelou inútil.

A solução, acrescentou Requião, é “ilhar” a usina para que a energia a ser gerada possa atender, por exemplo, Curitiba em uma emergência. “É uma forma de evitar um colapso no sistema elétrico brasileiro, já que a tecnologia utilizada na UEG não se adapta aos padrões do país, e de ressarcir um prejuízo de US$ 62 milhões na implantação da usina de processamento, uma vez que o gás boliviano se revelou desnecessário”.

A Copel, acrescentou Requião, já tem crédito com a El Paso, dona de 60% da ações da UEG, referente ao adiantamento de recursos para a construção da usina e que deveriam ser pagos com o fornecimento de energia, o que nunca foi feito porque a UEG não gerou energia alguma. “Estamos procurando trabalhar numa forma integrada no sistema nacional de produção de energia elétrica e, para isso, é preciso também uma solução para a UEG.”

A ministra Dilma Rousseff disse que ficou surpresa com a situação da termelétrica. “Fico preocupada e assustada com a fato de o Paraná ter uma usina desse porte e que é inoperante e não pode ajudar o sistema nacional num eventual período de escassez na produção de energia”, reclamou ao mostrar apoio às ponderações de Requião.

Elejor

Durante o encontro, que contou também com a presença do presidente da Copel, Paulo Pimentel, e do presidente da Itaipu, Jorge Samek, o governador convidou a ministra para presenciar o desvio do rio que vai formar as Centrais Elétricas do Rio Jordão (Elejor), da qual a Copel é sócia majoritária. A Elejor detém a concessão para construir e operar um complexo de usinas de quase 250 MW (megawatts) de potência no Rio Jordão, localizado na região Central do Estado.

São duas hidrelétricas de médio porte (Santa Clara e Fundão), com 120 MW cada, e duas pequenas centrais que somam 5,9 MW. No conjunto, esses aproveitamentos totalizam potência suficiente para atender ao consumo de uma cidade de 600 mil habitantes. A ministra aceitou o convite para a solenidade marcada para o dia 29 de novembro.

Ministra aprova proposta de zoneamento energético

No encontro, a ministra das Minas e Energias, Dilma Rousseff, conheceu também a proposta do Paraná, que melhora e acelera o licenciamento ambiental para a construção de usinas hidrelétricas. “Estamos fazendo um zoneamento energético no Paraná que avalia as condições ambientais para a construção de usinas. Assim, quando pretenderem construir uma usina nova no Estado já se vai saber, pelo plano diretor e pelo zoneamento ecológico das bacias, onde se pode ou não construir”, explicou o governador Roberto Requião.

A ministra considerou a proposta como uma solução para o licenciamento, a ser adotada inclusive por outros estados. “É uma proposta interessante que deve ser incluída na série de discussões a respeito do licenciamento das usinas hidroelétricas”, avaliou. Ela ressaltou que 45 usinas no País apresentaram impedimentos tanto relacionados às questões ambientais, como de financiamento e de contratação. “Os problemas de financiamento e contratação já foram praticamente solucionados, mas ainda existem os impedimentos relacionados com o licenciamento tanto pelo Ibama como pelos institutos ambientais estaduais”, esclarece.

Dilma Rousseff explicou que o crescimento do País gera aumento do consumo de energia e que o sistema nacional deve estar preparado para atender este aumento na demanda. “Qualquer melhoria nas taxas de crescimento gera melhor distribuição de renda e, em conseqüência, demanda gerada pela aquisição de eletrodomésticos e pelo próprio desenvolvimento da indústria. Temos que providenciar que haja energia suficiente para o País crescer”, afirmou.

A ministra ressaltou ainda que o consumo per capita de energia acompanha o crescimento do Produto Interno Produto (PIB) na seguinte razão: para cada ponto do PIB, o consumo aumenta 1,1 kilowatt por consumidor.

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