Renovação do Inovar-Auto para além de 2017 não está garantida, diz Monteiro

A renovação do programa automotivo Inovar-Auto para além de 2017 não está garantida e dependerá das condições econômicas do momento, afirmou ao jornal “O Estado de S. Paulo” o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto. Na quinta-feira, 29, o ministro esteve em Londres para encontros com representantes do governo britânico e empresários europeus com interesse no Brasil. Ele participou do seminário “Innovate in Brasil”, que reúne 60 executivos de empresas europeias com potencial e interesse em instalar centros de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil e da reunião do Comitê Econômico e de Comércio Conjunto Reino Unido/Brasil (Jetco) com participação governamental e privada.

Por telefone de Londres, o ministro explicou ao jornal que há um interesse de investidores europeus em assuntos como o futuro do regime automotivo e a flexibilização da política de conteúdo local para a indústria petroleira. O Inovar-Auto vigora até o final de 2017, mas a indústria automotiva brasileira já sinalizou que gostaria que a prorrogação do programa fosse decidida com antecedência para que as empresas possam se preparar.

“Defendemos a política automotiva, mas política industrial tem ciclos e não se pode agora antecipar o que vai ser feito depois de 2017. É uma questão que vamos analisar à luz das condições que serão dadas à época”, afirmou. Ele lembrou que o programa também está sendo questionado por outros países na Organização Mundial do Comércio (OMC). “Há resultados expressivos. O Brasil defende essa política, mas sabemos que há uma controvérsia com os painéis instalados na OMC”, afirmou. Monteiro avaliou que o regime automotivo vem cumprindo o seu papel, ao estimular investimentos. As empresas recebem benefícios tributários pelo atingimento de metas fixadas pelo governo, como a produção de carros menos poluentes.

O ministro considera importante a sinalização dada esta semana pelo governo de que o Brasil trabalha no aperfeiçoamento da política de conteúdo local para o setor de petróleo e gás. “O Brasil está disposto dentro da nossa visão de política industrial, preservando nossos interesses, a fazer ajustes. Queremos estimular mais a competitividade do fornecedor local, que terá que buscar mais conteúdo tecnológico”, disse. Segundo ele, as empresas que agregarem mais valor tecnológico terão uma espécie de bônus na checagem sobre o atingimento da meta de conteúdo local.

Outro ponto importante da pauta do Jetco foi a troca de ofertas entre Mercosul e União Europeia para um acordo de livre comércio. O ministro espera que isso possa ocorrer ainda este ano.

No seminário sobre inovação, Monteiro afirmou que o Brasil deseja ampliar o número de centros de pesquisa, desenvolvimento e inovação. “Estamos confiantes de que a forte presença de empresas internacionais, o tamanho do mercado doméstico, a qualidade das políticas públicas e a constatação de que o País alcançou um grau de maturidade e densidade tecnológica em diversas áreas do conhecimento são aspectos que indiscutivelmente nos conferem vantagem para atrair mais investimentos”, afirmou.

Irã

Antes de ir a Londres, Monteiro esteve no Irã liderando uma missão comercial. Ele acredita que a corrente de comércio entre os dois países pode passar dos atuais US$ 1,5 bilhão para US$ 5 bilhões em cinco anos. “Ficou claro que há um interesse fundamental do Irã em ter o Brasil como parceiro preferencial”, afirmou. “Fomos na hora certa. Estamos bem posicionados”, avaliou, lembrando que vários países estão buscando ampliar o comércio bilateral com o Irã depois que houve um acordo na área nuclear que permitirá o fim das sanções econômicas impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU).

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