Renault investe e faz lançamentos para crescer no Brasil

A Renault anunciou ontem investimentos de US$ 120 milhões para o Brasil em 2006 e pelo menos cinco lançamentos até 2009. Os anúncios fazem parte de um plano de reestruturação a ser implementado nos próximos três anos em todas as unidades da empresa francesa no mundo, o chamado Contrato 2009, anunciado em Paris pelo presidente do Grupo Renault, Carlos Ghosn.

Em vez de uma receita liberal de demissões e fechamento de fábricas – como fez quando assumiu a Nissan em 1999 -, o novo plano de Ghosn, que assumiu o posto máximo do grupo em maio, é desenvolvimentista. Utilizando o Brasil, sua terra natal, como exemplo de gerenciamento ineficiente fora da França, Ghosn mostrou que a estratégia agora é apostar em mais investimentos para reduzir perdas.

"Investimos mais de US$ 1,3 bilhão no Brasil desde 1997 e atingimos uma participação de mercado modesta de 2,9% e nunca tivemos lucro", disse, explicando que a matriz não investia no lançamento de produtos no Brasil devido à baixa rentabilidade da subsidiária.

Juntas, as operações do Brasil e da Argentina tiveram um prejuízo de 90 milhões de euros no ano passado. "O objetivo agora é apresentar cinco novos modelos, melhorar nossa comunicação e, ao mesmo tempo, reduzir custos." A meta é reduzir o prejuízo para 45 milhões de euros este ano e, finalmente, obter lucro a partir do ano que vem.

Com uma meta de ampliar a participação de mercado para algo entre 6% e 7% até 2009, a empresa pretende aproveitar ao máximo a capacidade de 250 mil unidades ao ano de sua fábrica de São José dos Pinhais, que hoje opera com 65% de ociosidade.

Pelo cronograma anunciado hoje, a Renault espera introduzir, até o final do ano, um segundo turno de trabalho na produção de veículos de passeio e utilitários, o que implica a contratação de 700 empregados. O terceiro turno deve ser introduzido a partir de 2008. "Queremos ainda melhorar o índice de nacionalização dos carros. Nossa média é de apenas 50%, enquanto a de certos concorrentes chega a 85 %", disse Ghosn.

Produtos

O presidente da Renault no Brasil, Pierre Poupel, que no dia 1.º de maio será substituído por Jèrôme Stoll admite uma "grande frustração" com o resultado da empresa no País. "Sem investimento em novos produtos é muito difícil ganhar mercado", declarou. A montadora, que produz apenas os modelos de passeio Clio e Scénic e o utilitário Master, não lança um veículo de passeio desde 1999.

Já dentro da nova estratégia, será lançado no mês que vem o Novo Mégane Sedan. O outro lançamento previsto para 2006 é a perua Mégane. Para 2007, a empresa prevê a introdução da linha Logan.

Os planos para o Brasil incluem um reforço grande na área de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de produtos e tecnologias, que se dedicará a projetos globais do grupo. A equipe será ampliada de 60 para 200 engenheiros. Como parte de um plano de descentralização da área de P&D – visando a reduzir custos -, estruturas similares serão criadas na Romênia e na Coréia.

Flex

A primeira contribuição tecnológica do Brasil para o grupo já existe: os motores bicombustíveis. "Com base na nossa tecnologia flexfuel à venda no Brasil, 50% de nossos motores a gasolina vendidos na Europa em 2009 terão capacidade de operar com uma mistura variável de gasolina e etanol", afirmou Ghosn. Os primeiros modelos com motor flex serão lançados na Europa no fim deste ano.

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