Remessa de lucro supera investimento na América do Sul

As remessas de lucros das multinacionais instaladas na América do Sul superaram pela primeira vez o volume de investimentos recebidos pela região no ano de 2006, segundo relatório da ONU.

A explosão das remessas vem ocorrendo desde 2003. Mas em 2006 atingiu níveis recordes desde as privatizações na América do Sul nos anos 90. No total, a região recebeu US$ 45 bilhões em investimentos no ano passado e as empresas enviaram de volta às suas matrizes US$ 59 bilhões. O valor é 49% superior às remessas enviadas em 2005. Em 2000, por exemplo, os investimentos recebidos foram de US$ 60 bilhões, contra uma remessa de lucros de US$ 12 bilhões.

"Isso mostra duas coisas: primeiro que as empresas estão lucrando muito na região. Mas também que elas estão preferindo destinar esses recursos ao exterior, no lugar de reinvestir nesses países", afirmou Kalotay Kalman, um dos autores do documento.

Brasil

No Brasil, entretanto, os investimentos recebidos ainda superam a remessa de lucros por multinacionais. Em 2006, o País recebeu US$ 19 bilhões do exterior, enquanto as empresas instaladas aqui enviaram a suas matrizes US$ 14 bilhões.

Segundo a entidade, o Brasil ainda está abaixo de seu potencial na atração de investimentos, pelo menos comparado ao tamanho do Produto Interno Bruto (PIB). Para a ONU, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pode ajudar a promover esses investimentos por meio da redução de impostos no valor de US$ 4 bilhões.

Confirmando ainda a imagem do Brasil de paraíso para os bancos, o estudo aponta que o País se tornou o local preferido entre os mercados emergentes para as multinacionais do setor financeiro quando optam por instalar suas filiais. Quase 400 delas estariam atuando no Brasil. O País supera Hong Kong e o México.

No ano passado, o Brasil ocupou a 19ª colocação entre os maiores receptores de investimentos, superado por Espanha, Rússia e China. Em uma outra classificação, na qual a ONU avalia o valor dos investimentos e divide pelo PIB do País, o Brasil aparece apenas na 93ª posição. Já no cálculo dos principais locais onde as multinacionais decidem ter suas filiais, o Brasil aparece como o sétimo país preferido. O líder é o Reino Unido, seguido por EUA e China.

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