O governador Jaime Lerner e o ministro do Desenvolvimento Agrário, José Abrão, assinaram convênio ontem (13) pela manhã, no Palácio Iguaçu, que prevê a aplicação de R$ 2,4 milhões na estruturação da Rede de Apoio à Comercialização – Fábrica do Agricultor. O recurso vai beneficiar agricultores apoiados pelo programa Fábrica do Agricultor, executado pela Secretaria da Agricultura, e os assentados regularizados pelo Incra. “Estamos completando o processo de incentivo às pequenas agroindústrias. Além de agregar valor à produção primária, agora vamos ajudar os produtores na comercialização de produtos”, disse o governador.
“O que temos hoje é o resultado do esforço feito pelo Estado, em parceria com o governo federal e prefeituras, para promover a paz no campo, melhorar as condições de vida na zona rural e oferecer alternativas de renda ao pequeno produtor”, acrescentou Lerner, lembrando que o Paraná está há dois anos sem invasões de terra. “As respostas vieram com as vilas rurais, a Fábrica do Agricultor, os investimentos em moradia, e os avanços na agricultura, que cresceu 50%, mesmo depois de fortes geadas”.
O ministro José Abrão disse que é preciso tornar viável o acesso a créditos agrícolas para as famílias assentadas e pequenos agricultores. “Não precisa mais aumentar o crédito porque no ano-safra que estamos terminando agora em junho está voltando dinheiro”, afirmou. “O pequeno agricultor não teve total acesso.” Segundo ele, as maiores dificuldades ainda estão no sistema burocrático.
Abrão disse que o governo está “trabalhando fortemente” na questão da sustentabilidade das famílias. Para a safra 2002/2003, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) está destinando R$ 4,3 bilhões.
Outro campo de trabalho do governo, segundo ele, é na melhoria do sistema de comercialização e transformação dos produtos “porque o pequeno produtor vai obter mais resultados e o produto vai chegar mais barato à mesa do consumidor”. Para isso, o governo criou a Agência Regional de Comercialização (Arco).
O ministro José Abrão disse que o apoio à comercialização é fator determinante no processo de reforma agrária, junto com o acesso à terra, condições de sustentabilidade das famílias assentadas e capacitação e assistência técnica. “A rede é o mecanismo que viabiliza a comercialização dos produtos da agricultura familiar e faz os itens chegarem mais baratos na mesa do consumidor”, disse.
Recursos
Do total aplicado na Rede de Apoio à Comercialização Fábrica do Agricultor, R$ 1,4 milhão serão repassados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, através do projeto Arco – Agência Regional de Comercialização – e R$ 1 milhão pelo Governo do Paraná, através da Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar).
A rede de comercialização, que será coordenada pela Codapar, vai funcionar através da instalação de agências regionais em Umuarama, Cornélio Procópio e Francisco Beltrão e uma agência de abrangência estadual, em Curitiba, junto ao Empório Fábrica do Agricultor. Toda esta estrutura será voltada ao assessoramento dos agricultores familiares nas áreas de organização, gestão, marketing e logística para a geração de negócios.
Serão beneficiadas diretamente 540 agroindústrias familiares, que produzem 1.020 itens diferenciados e são apoiadas pelo programa Fábrica do Agricultor. Esta diversidade de produtos terá regularmente sua qualidade monitorada pelo programa. Além disso, 3 mil agricultores familiares receberão capacitação pela rede de apoio. Outra meta é ampliar a inserção dos produtos da agricultura familiar nas gôndolas dos supermercados.
Negócios
O presidente da Associação dos Municípios do Paraná, Joarez Henrichs, prefeito de Barracão, disse que o Governo Jaime Lerner deu o passo que faltava no desenvolvimento da agricultura familiar do Paraná o apoio à comercialização. “Já tínhamos ações no desenvolvimento agrário e na transformação dos produtos. Faltava um suporte na geração de negócios”, reforçou.
Segundo o secretário Deni Schwartz, a estruturação da rede de apoio à comercialização vai resultar na maior participação dos produtos da agricultura familiar paranaense nos mercados regional, estadual e nacional. “Vai permitir também a criação padrões de identidade e qualidade dos produtos e unidades agroindustriais para fornecimento do selo do programa Fábrica do Agricultor”, acrescentou.
São também parceiros deste projeto a Emater-Paraná, o Incra, a Universidade Tuiuti, através do seu Instituto de Desenvolvimento, e o Sebrae. Estas entidades garantirão o suporte necessário nas áreas de tecnologia, organização, logísitica, comercialização e vendas, marketing, design, além de assistência técnica especializada, capacitação e profissionalização dos beneficiários.