mercado de trabalho

Recorde de vagas desafia Curitiba a batalhar por emprego decente

 

Mais um recorde na geração de empregos em 2010, na capital, foi constatado nesta segunda-feira (14) pela Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego. Desta vez, o setor de serviços despontou com o saldo de 18.418 vagas com carteira de trabalho assinadas. Embora seja o maior saldo registrado pelo setor na série histórica iniciada em 2000, as discussões em relação à viabilidade do aumento no mínimo regional, encabeçadas pela Federação do Comércio do Paraná (Fecomécio-PR), acenderam novamente o sinal amarelo sobre a qualidade do empregos gerados.

Para o secretário municipal de Trabalho e Emprego, Paulo Bracarense, a melhoria de salário, mesmo nos cargos primários, depende diretamente da qualificação profissional. “Vivemos uma situação em que a taxa de desocupação está em 3,5%, o que evidenciaria o pleno emprego, se as condições de trabalho fossem dignas sob diversos aspectos. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) já se manifestou sobre a importância do Brasil fomentar a formação profissional continuada para aprimorar a qualidade do emprego no País”, ponderou. “O alto turn over registrado em diversos setores sinaliza que esse percentual de desocupados representa, em boa parte, a taxa friccional, ou seja, o índice de pessoas que estão desocupadas por estarem procurando melhores colocações mesmo sem tanta qualificação, o que limita a melhoria dos rendimentos”, avalia Bracarense.

Para tornar sustentável o nível de empregabilidade em Curitiba com evolução na qualidade das vagas, a secretaria e o Conselho Municipal de Emprego e Relações de Trabalho vão lançar amanhã (15) a Agenda do Trabalho Decente, uma iniciativa respaldada nas premissas da OIT sobre o tema. “Vamos promover qualificação profissional para as empresas que se comprometerem a melhorarem as condições de trabalho sob os pilares da equidade, remuneração justa, segurança e liberdade, já que, infelizmente, ainda há casos de trabalho escravo ou próximo disso”, alertou.

Segundo o secretário, também será reforçada uma ação que vem sendo desenvolvida com o intuito de ampliar a conscientização do empresariado dos segmentos supermercadista, de Tecnologia da Informação (TI) e da construção civil. “Esses ramos empregam muito em Curitiba e enfrentam um elevado turn over. Queremos mostrar aos empregadores o quanto investir nas condições de trabalho pode ser mais econômico do que reter por pouco tempo os funcionários”. Para comprovar isso, o Observatório do Emprego do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Paraná (Dieese-PR) está fazendo um levantamento sobre os prejuízos causados pela alta rotatividade de mão de obra em Curitiba.