Impasse

Protesto de caminhoneiros em Antonina

Há dez dias, oitenta caminhoneiros aguardam no pátio do Porto de Antonina, no litoral, para descarregar em média 37 mil quilos de açúcar cada um. Dividindo apenas um banheiro, eles se revezam para ir ao mercado mais próximo, que fica a três quilômetros, onde compram comida com o próprio dinheiro para cozinhar dentro do caminhão.

A Cosan, empresa responsável pela carga, teria acordado que só pagará as diárias dos trabalhadores depois que todo o açúcar for descarregado. O despejo da carga está atrasado devido à lotação do armazém do porto, pois choveu na última semana e, por motivos de segurança, a transferência das cargas para os navios foi suspensa.

Entretanto, ontem a chuva deu uma trégua e havia espaço no armazém. Ainda assim os caminhoneiros decidiram que não irão descarregar o açúcar enquanto não receberem o valor devido.

Os trabalhadores também questionam a quantia ofertada pela Cosan. De acordo com Marinaldo Machado, da Associação Comercial dos Caminhoneiros (Acetebras), a empresa ofereceu R$ 0,40 tonelada/hora a partir das primeiras 24 horas de espera, ferindo o inciso 5.º do artigo 11º da Lei Federal 11.442, de 2007, que prevê o pagamento de R$ 1 após as primeiras cinco horas de espera.

“Tem motoristas com prejuízos que ultrapassam R$ 10 mil. Alguns já não têm mais dinheiro para comprar comida e dependem da ajuda dos colegas”, conta. Como a empresa não mandou nenhum representante, o Sindicato e a Federação dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens, apoiados pela Acetebras, negociam uma solução para o problema por telefone com a matriz da Cosan, em São Paulo. “Tem acontecido frequentemente o mesmo problema com várias outras empresas”, ressalta Marinaldo.

O sindicato garante que as transportadoras Agotran e Rodogrande, responsáveis pelo repasse das diárias para os caminhoneiros, também não têm interesse em efetuar o pagamento.

Resposta

Por meio de nota, a Cosan informou que “o fluxo de descarregamento de açúcar no terminal de Antonina encontra-se em normalização”. De acordo com a empresa, “eventuais acúmulos de caminhões ocorrem por fatores que não são do controle e da responsabilidade da Cosan”.

A companhia declarou ainda que “todos os seus contratos são legalmente regidos. O grupo está à disposição dos sindicatos e empresas responsáveis para entender eventuais alegações, e estudar soluções”. A Cosan é a terceira maior produtora de açúcar do mundo e uma das maiores exportadoras mundiais de etanol.

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