Protesto de agricultores fecha rodovia PR-340 em Tibagi

Produtores rurais da região dos Campos Gerais fizeram um protesto, ontem, reivindicando junto ao governo federal extensão de prazo para pagamento de dívidas, disponibilidade de mais recursos para financiamentos e garantia de que as sacas de soja e milho serão vendidas a preços correspondentes ao mínimo estipulado. O movimento, realizado em Tibagi – um dos principais centros paranaenses de produção de grãos – fechou a PR-340 durante uma hora, impedindo o acesso dos veículos à cidade. Os manifestantes prometem novos protestos pelo Paraná e, em breve, devem se unir a produtores de todo o Brasil e ir a Brasília.

Assim como a seca, que veio mais cedo este ano, os agricultores também se anteciparam: resolveram pontuar suas exigências antes da época de colheita. ?Fizemos alguns movimentos de alerta durante o ano passado – como o tratoraço de julho de 2005, em Brasília – avisando que a coisa estava ficando difícil. Agora damos um grito de desespero?, considera o presidente da Sociedade Rural dos Campos Gerais, Luiz Eduardo Pilatti Rosas.

Os produtores estão preocupados com os prejuízos amargados, primeiramente, com as oscilações do dólar. ?Investimos com o dólar alto, a R$ 2,70, e estamos vendo que vamos vender com a moeda na casa dos R$ 2,20, a exemplo do que aconteceu no ano passado?, lembra, o que resulta em mais um ano de desvalorização das commodities. Por conta do plantio em época de câmbio diferente do atual, os produtores paranaenses temem perder na hora de vender as sacas de trigo e milho. Por isso, reivindicam, o governo deve garantir o preço mínimo dos produtos, para que o prejuízo não seja ainda maior. ?O governo não aloca recursos para a compra. O produtor cai no mercado e, em vez de vender por R$ 400 – a tonelada de trigo -, vende por R$ 320. Desse jeito não dá para plantar, não temos mais capital de giro e nem capacidade de endividamento.?

Caso o preço de mercado não corresponda aos investimentos, as conseqüências serão dívidas arroladas por mais um ano. ?Não vamos conseguir quitá-las?, desabafa Rosas. É que os produtores investiram pesado em tecnologia, principalmente maquinários, há cerca de três anos, com boas perspectivas de crescimento. Tentaram pagar os empréstimos em 2004, mas não conseguiram e, em 2005, com a seca que devastou a agricultura paranaense, o cerco ficou ainda mais arrochado. ?Precisamos do equacionamento das dívidas acumuladas?, pede o dirigente.

Eles ainda suplicam garantias de que os recursos disponibilizados a juros mais baixos através do governo junto aos bancos, sejam suficientes para suprir a demanda dos agricultores. ?Conseguimos só 20% a 30% do crédito que precisamos através da linha de crédito agrícola – que tem juros de 8,75% ao ano. O resto temos de financiar a juros de mercado, que custam em torno de 24% ao ano.?

Para agravar o quadro, ainda há a seca, que no primeiro mês do ano já assola os municípios paranaenses produtores de grãos. ?O governo não está dando atenção à crise cambial e precisa cumprir sua política de preços nas regiões de maior dificuldade. Essa é a hora que tem para alocar recursos que sustentem o mercado. Depois da colheita – em maio – não há mais o que fazer?, preocupa-se.

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