Pela terceira vez esta semana os agricultores saíram às ruas para protestar contra a política agrícola do governo federal. Desta vez fecharam por quase duas horas a BR-369 no município de Corbélia, oeste do Estado. Chegou a se formar um congestionamento de três quilômetros na via. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Corbélia, Selvino Danilo Manica, se o governo não mudar de postura, muitos agricultores vão ter que parar de produzir. A maioria não tem como pagar as dívidas com os bancos.
Selvino diz que há três anos os agricultores vêm acumulando prejuízos e os agricultores ficaram sem capital de giro. Ele diz que os custos de produção estão bem acima do que os agricultores conseguem quando vendem os produtos. A saca do milho, por exemplo, é vendida a R$ 10,00, só que os custos de produção estão bem acima: R$ 19,00. ?Devido a gripe do frango, a Europa parou de importar aves e o milho desvalorizou?, explica.
Além do milho, a região produz muita soja. O preço também despencou devido a queda do dólar. Para custear a lavoura são necessários a colheita de 90 sacas por alqueire, mas os agricultores costumam colher 70. ?Usamos muita tecnologia no processo produtivo e os custos estão altos. Hoje a produção está inviabilizada. Eu diria que a situação já é de desespero?, reclama. Além destes fatores, a seca que atingiu a região piorou a situação. ?O município de Corbélia registrou queda de 37% na produção desta safra?, fala.
Selvino diz que a crise atinge todos os agricultores, desde os pequenos até os grandes. Para que o sistema não tenha um colapso, cobram do governo uma série de medidas: a anistia das dívidas de custeio, adiamento de cinco anos dos financiamentos e dois anos de carência. ?Eu sei que é muito. Mas é o que vai dar fôlego para os agricultores. Tem gente vendendo até a casa para pagar banco. O agricultor não é caloteiro. Quer trabalhar?, reforça.
Durante o protesto, os agricultores de Corbélia, Cafelândia, Nova Aurora, Braganey, Anahy e Iguatu colocaram na rua 220 tratores, 15 colheitadeiras, 30 caminhões e 150 carros de passeio para fechar a BR. O protesto começou por volta das 9h. Até junho o governo deve divulgar o Plano Safra 2006/2007 e os agricultores querem ver contempladas as reivindicações.