Propostas de empresários aos presidenciáveis

Antes do comício de ontem, na Boca Maldita, em Curitiba, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, estiveram, na sexta-feira à noite, em um evento organizado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) no Cietep. O evento fazia parte do programa de encontros dos empresários paranaenses com os presidenciáveis, promovido pela instituição. Em seu discurso, Lula defendeu a política econômica adotada pelo País durante a crise, e afirmou que há “inimigos ocultos” no Congresso, que impedem a reforma tributária.

Pedindo votos nem só a Dilma, mas aos candidatos ao governo do Estado, Osmar Dias (PDT), e ao senado, Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB), o presidente fez uma espécie de balanço de decisões adotadas nos últimos anos, na área econômica, afirmando que o País teve coragem para incentivar o consumo durante a crise. “Nem Europa nem Estados Unidos estavam preparados para enfrentar a crise como estava o Brasil”, disse.

Lula defendeu, também, operações realizadas durante a crise, como a compra de parte do Banco Votorantim pelo Banco do Brasil, afirmando que, com a aquisição, o governo comprou expertise em uma área que precisava incentivar (financiamento de carros usados). E destacou que não se importou em comprar – através do Banco do Brasil, por mais de R$ 5 bilhões – a Nossa Caixa, banco estadual de São Paulo, mesmo sabendo que o dinheiro iria para os cofres de um governo de oposição, na época de José Serra. “Falaram que eu daria dinheiro para a campanha dele [Serra]. Mas se ele usar, a população irá descobrir”, afirmou.

Pouco antes, Dilma discursou dando ênfase à necessidade de formação de profissionais especializados em diferentes níveis, para garantir um processo de inovação e evitar um apagão de mão-de-obra qualificada no País. “Precisamos melhorar a qualidade dos nossos empregos, para sairmos de emergentes para uma economia desenvolvida”, afirmou.

A candidata ainda ressaltou a importância do crédito a longo prazo, proveniente de instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), argumentando que sem essa fonte de recursos, a iniciativa privada não consegue fazer obras de maior porte, como as do Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC).

Dilma também ressaltou a importância do Paraná na continuidade do desenvolvimento do País, destacando a vocação agrícola do Estado e a diversidade da produção, que envolve desde o agronegócio até a agricultura familiar. Ela defendeu, ainda, uma melhoria na estrutura tributária nacional, cuidados especiais na segurança da região da fronteira e a manutenção das políticas habitacionais do atual governo.

Plano

Pouco depois da chegada em Curitiba, no início da noite de sexta-feira, o presidente Lula recebeu, em encontro reservado com representantes de vários setores da economia paranaense, o Plano Estadual de Logística e Transportes do Paraná (Pelt 2020), que sugere ações necessárias para que o Estado deixe de sofrer com gargalos da infraestrutura. O documento também foi entregue ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ao governador do Estado, Orlando Pessuti, e à candidata Dilma.

Elaborado por dezenas de técnicos que percorreram o Paraná durante um ano e meio, o Pelt 2020 aponta necessidades dos principais modais – ferroviário, rodoviário, aéreo e aquaviário -nem só para o escoamento da produção do Estado, mas também de outras regiões do País, que dependem da infraestrutura local. O Plano foi feito em parceria pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Paraná (Crea-PR), Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) e Sindicato da Indústria da Construção Pe,sada do Estado do Paraná (Sicepot-PR).

Além do Plano, o presidente e as demais autoridades receberam uma carta com sugestões de direcionamento de recursos para as etapas que antecedem as obras: projetos de engenharia e estudos de impacto ambiental e de viabilidade econômica. Outra carta entregue por oito instituições demonstrava apoio à continuidade das propostas apresentadas no plano.