Projeto de lei ameaça a indústria de bonés

A possível proibição da distribuição de brindes nas campanhas eleitorais de 2006 -conforme prevê a proposta do senador Jorge Bornhausen (PFL/SC), que estabelece normas para as eleições – está preocupando os fabricantes de bonés de Apucarana, norte do Estado, conhecida como ?a capital do boné.? O temor é que o projeto de lei entre em vigor já nas próximas eleições, em 2006.

?O projeto de lei foi uma surpresa bastante desagradável?, afirmou a presidente da Associação Comercial de Apucarana (Acia), Maria Isabel Lopes. A fabricação de bonés emprega cerca de 10 mil pessoas direta e indiretamente, e o temor é que haja demissões no setor. ?A medida trará conseqüências sociais para o município?, comentou Maria Isabel. Segundo a Associação Comercial de Apucarana, o município é responsável por 70% da produção nacional de bonés, com a fabricação de aproximadamente 4 milhões de unidades por ano. Em período eleitoral, segundo Maria Isabel, esse volume chega a dobrar.

Ao todo, cerca de 250 empresas integram o Arranjo Produtivo Local (APL) de Bonés. O faturamento mensal é estimado em R$ 250 milhões. ?Se realmente esse projeto de lei for aprovado, como está sendo noticiado, vai acabar com os empregos na cidade?, diz Maria Isabel. Para a presidente da associação comercial do município, a nova legislação eleitoral não deveria coibir a distribuição de bonés e camisetas. ?Bonés e camisetas são brindes baratos. É uma forma barata de fazer campanha política, ao passo que showmícios, campanhas feitas pelos marqueteiros, são bem mais caros?, apontou. Segundo ela, o produto também não dá margem à formação de possível caixa dois. ?Bonés não vão mover caixa dois. As empresas fornecem notas fiscais? garantiu.

De acordo com Maria Isabel, caso o projeto de lei seja aprovado e entre em vigor a partir das próximas eleições, uma comissão formada por integrantes do APL seguirá para Brasília O grupo quer sensibilizar os parlamentares sobre as conseqüências socioeconômicas do projeto de lei para o setor.

A vocação da cidade na produção de bonés tem 30 anos. No início, grandes empresas se instalaram em Apucarana, mas quebraram depois de alguns anos. Ex-funcionários dessas empresas receberam máquinas, como indenização pelas demissões e constituíram pequenas fábricas, facções e microempresas. Hoje as grandes fábricas de bonés são apenas dez. O restante é composto por micro e pequenas empresas e facções formais e informais.

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