Produtos metálicos serão os mais prejudicados com a crise

O professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), Manuel Enriques Garcia, disse nesta quinta-feira (13), em entrevista ao programa Notícias da Manhã da Rádio Nacional, que as commodities que sofrerão maior contração com a crise financeira internacional serão as de produtos metálicos.

Segundo o professor, isso terá reflexos na taxa de desemprego do país no primeiro trimestre de 2009.

“Os reflexos já são sentidos em vários setores. No automobilístico, por exemplo, os pátios estão cheios e as montadoras estão dando férias coletivas aos empregados. É bom lembrar que para a cada emprego neste setor são gerados outros dois ou três em outros setores industriais”, explicou Garcia.

Os níveis de desemprego, segundo o professor, aumentaram nos Estados Unidos e em toda a Europa, em decorrência da crise. “Isso gerará efeito negativo ainda maior para a economia desses países.”

“No Brasil, a crise afetará especialmente pequenas e médias empresas, uma vez que as grandes têm outras fontes de financiamento”, disse o professor. Ele criticou os bancos comerciais brasileiros por não repassarem os créditos dados pelo Banco Central às financeiras.

Segundo Garcia, todos os créditos das commodities dependem fundamentalmente de crédito externo, principalmente por meio de Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC). “Antes, o prazo normal desse tipo de operação era de 360 dias. Hoje, é de 90. Além disso, o crédito foi cortado pela metade e os juros em dólar aumentaram”.

O professor enfatizou que estes são dados que antecedem a contração da demanda mundial em relação aos produtos de exportação brasileiros.