DEFLAÇÃO

Produtos e serviços estão mais baratos mesmo?

Foto: Gerson Klaina.

Na crise, a tendência é de que as pessoas passem a comprar menos e, com isso, alguns setores do mercado são forçados a reduzir preços. Isso, segundo economistas, pode ser o que motivou a deflação de 0,23% no mês de junho, registro feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta sexta-feira (7).

A deflação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi a primeira em 11 anos, encabeçada pelas contas de luz e alimentos. Esse número, segundo o IBGE, nunca foi tão baixo desde agosto de 1998, quando atingiu -0,51%.

O que é deflação?

A deflação é o contrário da inflação e acontece quando os preços de produtos e serviços caem em determinado período. No caso da inflação, os preços sobem. A deflação também é diferente da desinflação, quando os preços sobem, mas em ritmo mais lento, como vem acontecendo no Brasil.

O motivo da queda por um mês pode estar ligado a fatores sazonais, mas também pode ser algo específico pela boa safra registrada neste período do ano.  O que preocupa os especialistas é que a deflação pode vir por um período de recessão, que diminui a procura e faz com que haja aumento da oferta.

Queda nos alimentos

O grupo de alimentação e bebidas, que domina 26% das despesas das famílias, houve queda de 0,50%, puxada pelos alimentos para consumo em casa, que estariam mais baratos em 0,93%. Para os consumidores, na prática continua a mesma coisa de antes: controle dos gastos. “Os preços continuam altos. A gente tem feito muito controle. Não dá mais para, por exemplo, encher o carrinho”, comentou Lucia Maria Silva.

"A gente continua controlando e o carrinho não enche mais", comenta a dona de casa. Foto: Gerson Klaina.
“O carrinho não enche mais”, comenta a dona de casa. Foto: Gerson Klaina.
"Frutas cítricas estão numa época boa. Mas tudo é sazonal", define gerente. Foto: Gerson Klaina.
“Frutas cítricas estão numa época boa. Mas tudo é sazonal”, define gerente. Foto: Gerson Klaina.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O IBGE pesquisou 153 itens alimentícios para consumo em domicílio e pelo menos 100 tiveram queda nos preços em junho na comparação com o mês anterior. A dona de casa contou ao fazer compras os itens considerados mais supérfluos ficam de fora. “Se não deixamos de fora, pelo menos compramos menos. Guloseimas, por exemplo, a gente tem diminuído bem”.

Segundo o gerente de um supermercado do bairro Xaxim, em Curitiba, os preços dos alimentos variam muito e cada um tem uma situação bem particular. “Frutas, legumes e verduras, por exemplo, é muito sazonal. Os preços podem descer numa semana, mas na outra já podem estar mais altos, varia”, explicou Gilmar Santos.

Alcatra diminuiu o preço e gerente avalia o momento como bom para compra de carnes. Foto: Gerson Klaina.
Alcatra diminuiu o preço e gerente avalia o momento como bom para compra de carnes. Foto: Gerson Klaina.

O que Gilmar percebeu nos últimos dias foi a queda no preço das carnes. No supermercado em que Gilmar trabalha, por exemplo, o quilo da alcatra estava R$ 19,90, quando antes custava R$ 28,90. “As pessoas ainda estão um pouco inseguras na compra, por causa da operação feita pela Polícia Federal, mas o preço tem sido muito bom”, comentou.

A pesquisa do IBGE apontou que o feijão-carioca teve uma subida brusca de 25,86% em seus preços. Em contrapartida, a maioria dos alimentos passou a custar menos de maio para junho, como o tomate (-19,22%), a batata-inglesa (-6,17%) e as frutas (-5,90%). “O que a gente diz é que as frutas cítricas, por estarmos num período bom de colheita, estão com preço melhor. A maçã também caiu bem”, completou o gerente do supermercado.

Contas vão aumentar

A conta de luz vai ficar mais cara e a de água já subiu. Foto: Arquivo.
A conta de luz vai ficar mais cara e a de água já subiu. Foto: Arquivo.

Embora a queda em 173 itens dos 373 monitorados pelo IBGE, o mês de julho vai ser negativo para o bolso do consumidor. Isso porque o IBGE aponta a influência no reajuste das taxas de água e esgoto em algumas regiões, inclusive no Paraná onde a conta, em média, 8,53% mais cara, de acordo com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar).

A energia elétrica também é um fator que vai mexer com o orçamento por conta da elevação de 7,09% registrada em Curitiba, por exemplo. Ainda em julho, em todo o país, a bandeira de cobrança das contas de luz deixa de ser verde e passa ao amarelo. “Resumindo, as contas vão continuar caras e a gente controlando os gastos”, disse Lucia Maria Silva, sem perder o bom-humor.