Produtores de álcool garantem manter preços

O ano começou com o disparo dos preços do álcool nas bombas de combustível. O produto iniciou 2006 como grande vilão, registrando, em uma semana, aumento de até 6%, que refletiu também no aumento da gasolina vendida nos postos, cuja composição contém 25% de álcool anidro. Enquanto o consumidor paga caro para manter os veículos em funcionamento, o governo federal tenta criar mecanismos que freiem o fenômeno, justificado, em parte, pelo período de entressafra da cana-de-açúcar, que deve se estender até abril.

?Na realidade, o preço do álcool é sazonal e agora atinge o valor real, que é de 1,09. Quando o presidente Lula assumiu, o valor era 1,084 o litro e nos comprometemos a não permitir que o preço fugisse muito a isso?, diz o presidente da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcoolpar), José Adriano da Silva Dias.

Ele diz que os produtores de álcool nada têm a ver com o disparo no preço do álcool nos postos de gasolina. ?Os acréscimos devem estar ocorrendo no trâmite entre distribuidores e donos de postos. O que posso garantir é que o valor do álcool para as distribuidoras está em R$ 1,09 o litro.?

Independente da justificativa dos produtores, eles estão convocados juntamente com os distribuidores e sindicatos de donos de postos de gasolina para a reunião que acontece amanhã em Brasília, sob o comando do Ministério das Minas e Energia e Ministério da Agricultura. O objetivo do encontro – pelo menos por parte do governo – é buscar um denominador comum que impeça novos aumentos do álcool, até a entrada da nova safra, em março/abril.

Corante

A questão da entressafra será apenas um dos pontos em debate na reunião. Especula-se que outro fator possa estar influenciando a alta no preço do álcool: a Resolução n.º 36 de 6 de dezembro de 2005 da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Agora, os distribuidores são obrigados a misturar um corante na cor laranja ao álcool anidro, que é mistrurado à gasolina. A medida garante a pureza do álcool hidratado, que é a forma do álcool utilizada como combustível, porém veta a circulação do produto adulterado.

A medida adotada pela ANP, que passou a vigorar no útlimo dia 6, foi incentivada pela disseminação dos carros bicombustível (flex), que exigem álcool 100% autêntico para seu funcionamento. ?É uma vitória, já que era comum alguns distribuidores misturarem água no álcool anidro, livre de tarifação, e vendê-lo como se fosse álcool hidratado?, diz o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniência do estado do Paraná (Sindicombustíveis-PR), Roberto Fregones. Porém, a medida que impede a adulteração provocou especulações de mercado que, em parte, podem explicar a instabilidade do preço do álcool. ?A verdade é que, após a reunião, estamos esperando uma redução no preço dos combustíveis, sem forçar os postos a continuar reduzindo a margem de lucros e o consumidor a pagar cada vez mais pelo produto.?

Outro assunto em pauta na reunião de Brasília será a redução da porcentagem de álcool anidro na composição da gasolina de 25% para 20%. A medida – que pode ajudar na redução do preço do álcool pela oferta maior do produto – também pode trazer reflexos no preço da gasolina, por exigir pelo menos 5% a mais do produto que é mais caro que o álcool.  

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