Produtor quer a cachaça conquistando mercados

O Brasil produz 1,3 bilhão de litros de cachaça por ano, segundo dados da Associação Brasileira de Bebidas. Desse total, apenas 0,5% atende o mercado externo. Além de ampliar o volume de exportações – que tem taxa anual de crescimento de 0,7% – os produtores estão se organizando para fortalecer a produção artesanal. O Estado de Minas é hoje o líder no segmento no Brasil, com uma produção de 240 mil litros por ano, entre 8 mil produtores que geram uma média de 280 mil empregos diretos e indiretos.

No Paraná ainda não existe um panorama definido, mas a estimativa é que trezentos produtores estão investindo na cana-de-açúcar para a produção de cachaça, sendo 70% de maneira informal. A organização do setor – passando pelo plantio, qualidade, regularização, industrialização e comercialização -é considerado ponto fundamental para o fortalecimento e crescimento do setor. E é isso que produtores de todo o Paraná estão discutindo no 1.º Encontro Estadual de Produtores de Cachaça Artesanal. No evento, que começou ontem e encerra hoje em Curitiba, será montada a associação dos produtores artesanais que pretende mobilizar o setor para organização.

Um exemplo para essa organização é o programa Fábrica do Agricultor, da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento. Em três anos de atividade, o programa conta com 1.262 agroindústrias, que produzem 4 mil itens de produtos com valor agregado, e geram em média cinco empregos por unidade. Para o produtor executivo do programa Fábrica do Agricultor, Luiz Gusi umas das dificuldades do setor é que a maioria dos produtores não tem a cachaça como principal atividade na propriedade. “Além disso a carga tributária no Estado é muito alta – com 27% de ICMS -, e o que acaba incentivando a clandestinidade”, disse Gusi. As embalagens e rótulos também acabam não sendo um atrativo para o mercado.

Exportações

Além do litoral, favorecidos pelo clima, regiões do oeste e sudoeste do Estado também estão se destacando na produção da cachaça. Em Francisco Beltrão já existe um produtor exportando para a Suíça cachaça orgânica bidestilada e com grau alcóolico menor. O produtor de Toledo, Frederico Isenberg, que há oito anos resolveu diversificar a produção investindo na cachaça artesanal, também tentou conquistar o mercado externo, mas esbarrou nas altas taxas de tributação. “Eu tinha dois contratos para mandar o produto para a Espanha, mas quando foi enviar o segundo lote aumentou a taxação para bebidas e não consegui enviar a cachaça”, comenta.

Hoje ele volta os 20 mil litros que produz por ano para o mercado interno, sendo grande parte enviado para Fortaleza (CE). O produtor também reclama que falta divulgação da diferença da cachaça industrial e artesanal, e consumidor acaba sendo atraído pelo preço e não pela qualidade. “A cachaça artesnal é feita em alambique de cobre, enquanto a indústria utiliza coluna de aço de inox. Na produção industrial a fermentação é acelerada com produtos químicos, enquanto na artesanal o processo é natural”, comentou Frederico.

Associação

Na opinião da diretora presidente da Cooperativa de Produção e Promoção da Cachaça de Minas, Dirlene Maria Pinto, a organização através de associações é o caminho para o desenvolvimento do setor. O Estado de Minas Gerais, que responde por 10% da produção nacional de cachaça, e 30% da produção de cachaça artesanal, começou a estudar o setor em 1982. Foi no estado que surgiu a primeira associação da classe, que hoje está presente em 15 Estados. Uma das principais lutas das categoria atualmente é baixar a tributação do produto. Eles querem manter o IPI em 0,25% e equalizar o ICMS, que varia hoje de 7% a 18%, sendo o Paraná um dos mais altos, com 27%.

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