Produção industrial estável em abril

A produção industrial brasileira registrou variação nula e ficou estável em abril, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em abril, exportações e insumos evitaram uma queda no desempenho. No mês anterior, a pesquisa havia apurado alta de 1,5% na produção. A análise de longo prazo mostra que a indústria ainda registra desempenho positivo. Em relação a abril de 2004, houve crescimento de 6,3%. No acumulado do ano, a expansão foi de 4,5%. Anteontem, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgou pesquisa em que o resultado apontava para crescimento de apenas 0,13% nas vendas industriais.

O IBGE destaca, no entanto, que apesar do desempenho positivo, a taxa de crescimento do primeiro quadrimestre mostra desaceleração em relação aos últimos quatro meses do ano passado, quando a expansão chegou a 6,6%.

?Esse sinal de desaceleração já está presente nas informações do PIB (Produto Interno Bruto). Tem relação com o fato de que a produção se estabilizou num nível alto e parou de crescer. Quando comparada a períodos de 2004 que são crescentes, isso resulta em taxas positivas, mas declinantes?, afirmou o chefe da Coordenação da Indústria, Silvio Sales.

Segundo Sales, as áreas mais atreladas às exportações e mais sensíveis à expansão do crédito, como bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos) e atividades exportadoras têm mantido uma trajetória de crescimento significativa. Em compensação, os produtores de máquinas e equipamentos e de segmentos nitidamente voltados para o mercado interno, como alimentos, têm mostrado perda de dinamismo.

O comportamento da indústria até abril reduz a expectativa de que o crescimento deste ano fosse focado no mercado interno. ?O que se vê nos primeiros números de 2005 é um reforço do papel das exportações na dinâmica industrial, o que é uma surpresa com a taxa de câmbio desfavorável dos últimos meses?, afirmou.

Em abril, apenas uma das quatro categorias de uso, a de bens intermediários (insumos) apresentou taxa positiva (1,3%). Segundo o IBGE, apesar de se tratar do segundo crescimento consecutivo, o resultado não neutraliza a desaceleração observada nos dois primeiros meses do ano – período em que esse segmento acumulou queda de 3%.

A recuperação na extração de petróleo foi o principal fator a impulsionar o desempenho dos bens intermediários em abril. Depois de paradas técnicas, dados do setor mostram aumento na produção.

O segmento de bens de capital (máquinas e equipamentos) registrou queda de 2,9%, após crescimento de 3,9% em março. O resultado é consistente com os dados relativos a investimentos divulgados no PIB, que mostraram queda de 3%. Segundo o IBGE, o desempenho negativo nos bens de capital é mais visível em máquinas e equipamentos para agricultura, que registraram queda de 37,2% em relação a abril de 2004 e nos bens de capital de uso misto, que avançaram apenas 3,2%. Esta última categoria inclui microcomputadores e aparelhos para telecomunicações.

Segundo Sales, a principal influência do ciclo de aperto monetário promovido pelo Banco Central desde setembro do ano passado pode ser verificada nos bens de capital. ?Os juros interferem na tomada de decisões do empresariado?, afirmou. Em nove meses, a Selic passou de 16% ao ano para 19,75% ao ano.

Os bens duráveis (automóveis e eletrodomésticos) registraram queda de 0,3% e os bens de consumo semiduráveis e não-duráveis (alimentos e roupas) tiveram o terceiro resultado negativo consecutivo, com queda de 0,3%.

No acumulado do ano, no entanto, os bens duráveis lideram a expansão da indústria, com destaque para a produção de veículos automotores (12,4%).

Dos 23 ramos que têm série ajustada sazonalmente, 12 apresentaram queda entre março e abril. Entre os setores de desempenho favorável, destacam-se alimentos (3,5%), indústrias extrativas (7,4%), veículos automotores (3,2%) e material eletrônico e equipamentos de comunicações (4,9%). Os principais impactos negativos vieram de máquinas e equipamentos (-4%), farmacêutica (-6,2%), produtos de metal (-4,7%) e bebidas (-5,1%).

Os sinais de menor fôlego na indústria foram destaque também nos resultados do crescimento da economia no primeiro trimestre. O PIB (Produto Interno Bruto) registrou expansão de 0,3% nos três primeiros meses de 2005. Sob a ótica da produção, a agricultura foi a única atividade a mostrar desempenho positivo. A indústria registrou queda de 1% no período.

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