Produção e emprego perdem fôlego

A indústria vem dando demonstrações de que está perdendo fôlego. No primeiro trimestre deste ano, a produção acumula crescimento de 5% em relação ao mesmo período do ano passado – índice bem menor ao registrado em 2004 sobre o ano anterior, quando o crescimento foi de 10,74%. O saldo de empregos também caiu: passou de 14,2 mil no primeiro trimestre do ano passado para 8,4 mil este ano -queda de 41,79%.

O desaquecimento, no entanto, não está restrito ao Paraná. Em nível nacional, o saldo de empregos registrou queda de 58,7% na mesma comparação. Os dados fazem parte da pesquisa Indicadores da Indústria Paranaense divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, regional Paraná (Dieese-PR) e Federação dos Trabalhadores na Indústria (Fetiep).

De acordo com o economista técnico do Dieese-PR, Cid Cordeiro, os dados do primeiro trimestre são importantes porque normalmente funcionam como um diagnóstico para o ano todo. ?O primeiro trimestre é um bom sinalizador do indicador anual. Em toda a série (de 91 a 2005), apenas em dois anos o resultado do primeiro trimestre não se confirmou?, apontou Cordeiro. A exceção, segundo ele, ficou por conta dos anos de 98 e 2003, quando o primeiro trimestre foi de alta, mas o ano foi de queda.

Para o economista, a desaceleração da produção e do emprego na indústria é resultado sobretudo da alta de juros, que vem se repetindo desde setembro do ano passado. ?Os juros afetam a produção, que reflete no nível de emprego?, comentou o economista.

Setores

A agroindústria, que acaba sustentando grande parte da geração de empregos no Paraná, respondeu por 76,4% das vagas abertas em março. No setor de refino de açúcar foram gerados 1.942 empregos, enquanto no de álcool, 1.027. Quase 72% das vagas foram criadas no interior do Estado, enquanto 28% na Região Metropolitana de Curitiba.

No primeiro trimestre, o Paraná ficou na 11.º posição na variação do nível de emprego (1,74%), acima da média nacional, que ficou em 0,88%. Em números absolutos, o Paraná foi o quinto que mais gerou vagas (8.293), atrás de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais.

A pesquisa divulgada ontem indica ainda que o Paraná aumentou em 26,09% as exportações de produtos industrializados (manufaturados e semimanufaturados) no primeiro trimestre deste ano. ?Este índice está até surpreendendo. A tendência é que as exportações sejam até menores que no ano passado?, apontou o economista. Em 2004, as exportações do Paraná cresceram 31,95%. Segundo Cid Cordeiro, o cenário para a exportação este ano é pior, com a desvalorização do dólar, expectativa de crescimento menor da economia mundial e commodities (especialmente agrícolas) em baixa.

Produção

Para este ano, a projeção é que a produção industrial do Paraná cresça entre 5% e 7%. No ano passado, o crescimento foi de 10,07%. No primeiro trimestre, os setores que apresentaram melhor desempenho na produção industrial foram edição, impressão e reprodução de gravações (avanço de 67,52%), veículos automotores (36,15%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (21,47%). Em queda, outros produtos químicos (-35,12%), borracha e plástico (-17%) e produtos de metal, inclusive máquinas e equipamentos (-6%).

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