Produção de eletroeletrônicos deve cair 2% em 2009

O setor de eletroeletrônicos no Brasil deve fechar 2009 com uma retração de 2% em relação ao ano passado, quando cresceu 10%. A estimativa é da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Ontem, o presidente da entidade, Humberto Barbato, conversou em Curitiba com empresários, políticos e associados sobre as dificuldades que o segmento vem enfrentando nos últimos meses.

“Quando se fala em decréscimo de 2%, não significa nenhuma catástrofe. Esta previsão já é pensando em uma certa retomada. Houve um decréscimo de 12% no primeiro trimestre deste ano. Fechar em uma redução de 2% é um número bom”, comenta Barbato.

A crise financeira mundial afetou diretamente as empresas de eletroeletrônicos, por oferecerem produtos de bens duráveis. A partir do momento que a confiança do consumidor fica abalada, ele deixa de comprar aparelhos celulares e computadores, por exemplo. Mas Barbato garante que essa confiança está voltando.

O presidente da Abinee acredita que o segmento no Paraná não sofreu tanto como em outros estados brasileiros. O motivo para isto foi o bom desempenho da área de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, na qual o Estado possui destaque nacional.

“Também pesa o fato de o Paraná não ter fábrica de aparelhos celulares, por exemplos. Este foi o setor que primeiro sofreu com a crise e demitiu muitos funcionários. Senão, o Paraná poderia estar igual aos outros”, explica.

A redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ajudou muito no impulso de vendas da linha branca, de acordo com Barbato. No caso dos computadores, que já tinham o benefício, o IPI não auxiliou tanto agora.

“O IPI fez o papel dele há muito tempo. Neste momento, foi importante para a linha branca. As empresas estão com movimento e cheias de encomendas”, afirma.

A desoneração de outros impostos pode dar mais competitividade ao produto brasileiro diante daqueles vindos do mercado informal. Isto aconteceria com a anulação da cobrança dos impostos do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) nas vendas das indústrias para as lojas.

“Pode ajudar a diminuir o mercado informal, que infelizmente volta a crescer. Já chegamos a ter 7 computadores do mercado informal em cada 10 equipamentos existentes no Brasil. Mas também já tivemos 3 em cada 10. E hoje está em torno de 3,5”, conta Barbato. O presidente da Abinee também fez críticas ao real valorizado, que tem prejudicado as exportações.

A entidade apresentou ontem o estudo “A indústria elétrica e eletrônica em 2020: Uma estratégia de desenvolvimento”. Um dos objetivos é fazer com que a participação do setor suba para 7%.

“Só se chega nisso exportando. O objetivo é fazer a indústria crescer e diminuir o déficit comercial, que alcançou US$ 22 bilhões no Brasil, especialmente com a compra de componentes eletrônicos e semicondutores”, anuncia.

Outra proposta é um programa de incentivo para a instalação da indústria de componentes, considerada um dos pontos fracos na cadeia produtiva brasileira. Além disso, a Abinee defende os incentivos para as empresas que mais conseguirem “nacionalizar” seus produtos.

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