Produção de café aumenta 50% no Estado

O Paraná volta a superar a barreira das 2 milhões de sacas de café na safra 2005/2006 última estimativa feita pelo Deral – Departamento de Economia Rural, da Secretaria da Agricultura, divulgada ontem, com base em dados obtidos no campo até o dia 24 de julho. A produção de café deverá ficar próxima de 2,160 milhões de sacas, o que representa um aumento de 50% em relação à safra passada.

A colheita avança de forma acelerada em todas as regiões produtoras do Estado, favorecida pelo clima seco observado durante todo o mês de julho. O clima também favorece a obtenção de uma produção de melhor qualidade. Atualmente, entre 13 e 15 mil agricultores produzem café em 210 municípios do Paraná. Uma média baixa para o Estado que já foi o maior produtor mundial de café, nas décadas de 1950 e 60, com produção de 22 milhões de sacas anuais, que representava 28% da produção mundial.

O pesquisador, Armando Androcioli Filho, chefe do programa de pesquisa de café do Iapar – Instituto Agronômico do Paraná, atribui o aumento da produção paranaense a renovação das lavouras, a partir da geada de 2000, com a implantação do sistema adensado, que permite o plantio de 7 a 10 mil pés de café/hectare, enquanto que pelo sistema tradicional o limite permitido é de apenas 2,5 mil plantas/hectare. ?Além do mais, o produtor paranaense está plantando variedades modernas, resistentes a ferrugem, de pequeno porte, mas de grande produtividade. Desde então, temos colhido mais de 2 milhões de sacas. Isto só não aconteceu na safra passada por causa da estiagem?.

Outro fator que também diferencia as lavouras do Paraná é a colheita seletiva. Essa técnica, utilizada na Colômbia, consiste na colheita somente dos frutos maduros e aumenta a qualidade da produção.

Para a safra 2006/2007, as perspectivas são boas. O Paraná deve repetir o resultado deste ano, porque as plantas estão com ótimo estado vegetativo, uma prova que a atual estiagem ainda não afetou as lavouras de café.

Antonio Sergio de Oliveira, diretor industrial da Corol – Cooperativa Agrícola de Rolândia, atribui aos preços praticados no ano passado, média de R$ 280,00 a saca de 60 quilos, ao aumento da safra paranaense, porque o produtor passou a cuidar melhor e investir em sua lavoura. ?Hoje, o preço médio é de R$ 215,00, pois o custo de produção chega a R$ 190,00. A baixa rentabilidade vem desestimulando os produtores. Alguns associados nossos imigraram para a cana-de-açúcar e laranja, deixando de tratar como devia as lavouras de café. Temo que isso pode afetar a produção da próxima safra?.

Mas, João Carlos Sanches, gerente da unidade de torrefação da Corol, acredita que os preços devem reagir nos próximos anos, porque o estoque mundial de café, atualmente em 20 milhões de sacas, vem caindo gradativamente. Já o mercado vem crescendo.

História

A cafeicultura no estado do Paraná foi inserida na década de 1930 e teve sua expansão na década de 1950. Muitas cidades, como Londrina, Maringá e Campo Mourão, surgiram a partir da chegada do café. Nos anos 60, o café chegou a ter 1,8 milhão de hectares plantados no Estado. Hoje esse número é de 156 mil hectares.

Foi no amanhecer de 18 de junho de 1975, que uma das geadas mais intensas do século passado reduziu a zero a área cultivada com café no Paraná. Para se ter uma idéia da dimensão do problema, a safra daquele ano, cuja colheita já havia sido encerrada antes da geada, foi de 10,2 milhões de sacas de café – 48% da produção brasileira. O Paraná era até então o maior centro mundial nessa cultura e tinha uma produtividade superior à média nacional. No ano seguinte, a produção foi de 3,8 mil sacas. Nenhum grão de café chegou a ser exportado e a participação paranaense na produção brasileira caiu para 0,1%.

Pouco a pouco, algumas lavouras foram implantadas. Mas em 2000, uma nova ?geada negra? provocou prejuízo de R$ 1 bilhão aos cafeicultores paranaenses. Os efeitos da geada ocasionaram uma colheita de apenas 500 mil sacas, quando a expectativa era de 3 milhões de sacas. Mas, apesar das diversidades, o produtor paranaense não desiste e, hoje, o Estado situa-se entre os quatro maiores produtores do Brasil, ao lado de Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. O Paraná exporta mais de 40% do café solúvel brasileiro, por iontermédio das duas maiores indústrias de café solúvel e possui 122 indústrias de torrefação e moagem para atender o consumo interno. (AEN)

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