Produção da indústria foi a pior desde dezembro

A produção industrial do Paraná registrou em julho o pior desempenho desde dezembro passado. O crescimento foi de 0,3% na comparação com julho do ano passado – muito abaixo da média nacional, que foi de 9,6%. No acumulado do ano (janeiro a julho), a produção industrial paranaense teve uma variação de 4,7%, e no acumulado de 12 meses, crescimento de 5,3%. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o economista André Macedo, coordenador da produção da indústria no IBGE, o baixo crescimento registrado em julho não significa necessariamente uma situação ruim, pois a base de comparação era elevada no ano passado. “Em julho de 2003, a produção no Paraná já vinha com base alta”, afirmou. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção no Estado havia sido de 11,9%, enquanto o desempenho nacional apresentou queda de 2,6%.

Sobre a produção industrial no Paraná, o economista afirmou que a expansão em alguns setores foi impulsionada pelo mercado externo. “Não só no Paraná, mas no Brasil num todo os dados de exportação estão bem vigorosos, crescendo”, apontou.

Dos 14 ramos pesquisados no Estado, sete registraram crescimento, com destaque para os veículos automotores (aumento de 66,1%), que prossegue pelo quinto mês consecutivo imprimindo ritmo acelerado, por conta do aumento na produção de automóveis; de alimentos (5,2%), com destaque para a produção de carnes e miudezas de aves; e de produtos de madeira (19,3%), que refletem o bom desempenho da produção de painéis de madeira.

No entanto, o efeito positivo destes três segmentos foi anulado, em parte, pelas quedas nas atividades de refino de petróleo e produção de álcool (-30,5%), em decorrência da parada técnica na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária; de outros produtos químicos (-35,5%), devido a má performance de adubos e fertilizantes e de edição (-30,1%), pelo recuo da produção de livros, brochuras e impressos didáticos.

A produção acumulada do ano, no período janeiro-julho, aumentou 4,7%, porém, nota-se que a partir de janeiro-março, o ritmo de crescimento é menos vigoroso. Importante ressaltar que veículos automotores vêm se responsabilizando pela maior influência positiva no cômputo geral. Em contrapartida, a atividade de refino de petróleo foi a que mais pressionou negativamente.

Desempenho nacional

No cenário nacional, 13 das 14 áreas pesquisadas pelo IBGE apresentaram expansão em julho deste ano em relação a 2003, com destaque para as indústrias do Ceará (22,3%), Santa Catarina (18,0%), Rio Grande do Sul (17,1%) e São Paulo (17%), que apresentaram as maiores variações positivas. Apenas Amazonas (-3,5%) registrou queda. Nos demais indicadores, os resultados permaneceram positivos: 13,8% no acumulado do ano e 10,2% no dos últimos doze meses.

Apesar do crescimento expressivo, a base de comparação é fraca. Com o temor em relação ao primeiro ano do governo Lula e com os juros altos, a economia encolheu 0,2% no ano passado. Além disso, representantes do governo têm ressaltado a falta de investimentos tanto na indústria quanto na infra-estrutura como os principais entraves à manutenção do crescimento da economia brasileira. No primeiro semestre, o PIB (Produto Interno Bruto) avançou 4,2% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Alguns setores teriam chegado ao teto da capacidade instalada. Além disso, a expansão de determinados segmentos, como o siderúrgico, já começou a afetar os índices de inflação. Em agosto, o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) avançou 1,22%, afetado em parte pelo aumento do preço do aço. De janeiro a agosto, o reajuste chega a 40%.

O aumento do consumo no mercado interno, responsável em parte pelo aumento de 5,7% do PIB no segundo trimestre, também afetou o desempenho da indústria em julho.

Apesar do crescimento, os setores de bens de capital e semiduráveis e não duráveis apresentaram queda. O primeiro representa os investimentos de empresas com a compra de máquinas e equipamentos. O segundo inclui itens importantes como vestuário e remédios.

Paraná mantém ritmo forte nas exportações

As exportações paranaenses atingiram US$ 933 milhões em agosto. É o segundo melhor resultado das vendas internacionais do Estado no ano. Os dados da balança comercial estadual foram divulgados ontem pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e pela Secretaria da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, com base nos números da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Com o bom desempenho do mês de agosto, o Paraná se manteve na segunda colocação no ranking brasileiro de estados exportadores, atingindo a marca de US$ 6,54 bilhões, superando o Rio Grande do Sul (com US$ 6,43 bilhões) e Minas Gerais (US$ 6,22 bilhões). O primeiro colocado é São Paulo, com vendas de US$ 19,73 bilhões.

“O crescimento nas exportações do Paraná contribui para o superávit brasileiro. Em 2004, o Estado respondeu por 18% do saldo nacional, alcançando a marca de US$ 3,96 bilhões dos US$ 20,78 bilhões acumulados pelo Brasil até agosto”, afirmou o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures.

Os dados divulgados pela Fiep mostram que também está havendo evolução nas importações paranaenses. No mês de agosto, as compras internacionais chegaram a US$ 388,5 milhões, uma elevação de 34,4% na comparação com o mesmo mês de 2003. “Com o esgotamento da capacidade instalada de produção em alguns setores industriais, as empresas estão se socorrendo no mercado externo”, avaliou Rocha Loures.

Neste ano, as importações atingiram US$ 2,583 bilhões, contra US$ 2,205 bilhões no mesmo período do ano passado. Entre os produtos que registraram grande crescimento estão os insumos para as indústrias de transportes, como motores diesel/semidiesel (alta de 8.806%), agronegócio (alta de 260% de componentes para adubos) e eletrônico (somente entre os circuitos eletrônicos houve crescimento de 428%), além de importação de óleo diesel, que cresceu 486%.

Vendas internacionais

Durante o mês de agosto, houve aumento no volume de mercadorias industrializadas. Entre os destaques está a ampliação das vendas de bombas injetoras para veículos (121,3%), de máquinas de colheita (195%), de automóveis a diesel (207%), blocos de cilindro e cabeçote de motores (443%), de painéis de MDF (531%), margarina (851%) e de circuito de telefonia (852%). A maior alta entre os produtos básicos foi o milho, com crescimento de 134%, gerando US$ 377,3 milhões no acumulado do ano.

Até agosto, a China manteve a primeira posição como parceiro do Paraná, superando os Estados Unidos. Os chineses compraram US$ 934,5 milhões em produtos paranaenses, enquanto os Estados Unidos ficaram com US$ 820,3 bilhões. Os embarques para a China aumentaram 55% de janeiro a agosto, em comparação com o mesmo período de 2003. As vendas para os Estados Unidos cresceram 22,93% no período.

Também cresceram as vendas para a Argentina, com alta de 106,63%. Em 2003, o Paraná vendeu US$ 191,1 milhões para o mercado argentino e, em 2004, as exportações para o país vizinho chegam a US$ 394,8 milhões. Os principais produtos embarcados foram automóveis, autopeças, máquinas e equipamentos e instrumentos elétricos.

Voltar ao topo