Preços dos grãos reduz quadro de dificuldades, afirma ministro

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, disse nesta sexta-feira (16), em Curitiba, que as perspectivas para a agricultura brasileira estão muito melhores hoje que há três meses apesar da seca que está prejudicando a safra de grãos de verão no Paraná. Stephanes esteve em Curitiba para atender as reivindicações das cooperativas paranaenses, que estão preocupadas com os reflexos dos prejuízos no campo.

Em reunião realizada na Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), com a participação do secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, do presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, e demais líderes de cooperativas do Estado, o ministro Stephanes manifestou otimismo, argumentando que os preços dos produtos agrícolas reagiram no mercado e o País voltou a exportar milho, o que melhora as perspectivas de futuro para o setor.
Stephanes disse que muitos esperavam uma piora no quadro da agricultura, mas aconteceu o inverso e houve até uma recuperação nos preços da soja, trigo e milho. A Ocepar apresentou ao ministro um levantamento das perdas provocadas pela estiagem ocorrida entre novembro e dezembro, que comprometeram cerca de 30% da safra de grãos que correspondem a 6,3 milhões de toneladas de grãos.

Segundo o ministro, essas perdas são importantes mas elas se diluem nacionalmente. Ele prevê que a queda na produção brasileira de grãos não passa de sete a oito milhões de toneladas.

Diante das perdas, a Ocepar apresentou uma série de reivindicações ao governo federal, entre elas a liberação de R$ 2 bilhões para reforçar o capital de giro das cooperativas. Stephanes acenou positivamente para o atendimento dessa solicitação, argumentando que as cooperativas se tornaram importantes instrumentos de comercialização e apoio à safra, papel que foi intensificado no campo com a retirada das tradings que deixaram de financiar os agricultores.

As cooperativas pedem ainda a agilização nas vistorias do seguro agrícola para liberar áreas para o plantio da safrinha. Cerca de 14 mil pedidos de seguro já foram apresentados nos bancos. Stephanes disse que a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento já colocou à disposição 100 técnicos da Emater para acelerar o atendimento dos pedidos de vistoria.

Para Valter Bianchini, as reivindicações apresentadas pela Ocepar são ponderadas e todas são contempladas em políticas públicas, que já estão sendo adotadas no Paraná. Ele destacou que a Secretaria criou um comitê que está acompanhando a liberação das vistorias nas áreas afetadas.

Outra medida que será estudada será o pedido para prorrogação das dívidas para o agricultor que perdeu tudo e ficou sem renda. E por fim, as cooperativas estão reivindicando a liberação rápida de crédito para o plantio da safrinha de feijão e milho que também já está sendo providenciado pela Seab junto ao Banco do Brasil, disse Bianchini.

Para o secretário, o levantamento da Ocepar apresenta divergência com o levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, somente com relação à soja. Ele atribui isso à diferença de metodologia. Enquanto o Deral prevê quebra de produção de 17% para a soja, a Ocepar está estimando perdas entre 23% e 24% da previsão inicial da safra de soja.

Bianchini lembrou que com o retorno das chuvas neste mês de janeiro é possível que haja uma recuperação das lavouras de soja e por isso os prejuízos podem ser menores do que os que estão sendo apresentados hoje. Além disso, não houvesse a seca e a recuperação dos preços no mercado, o plantio de milho na safrinha não ia ser tão relevante como se estima agora. Com as chuvas e a elevação dos preços do grão no mercado, os produtores ganharam novo alento e estão plantando a safrinha, o que deverá compensar parte das perdas ocorridas na safra de verão, destacou.

Em função desses fatores, Bianchini calcula que os prejuízos ficarão em torno de R$ 1 bilhão no campo, o que é bastante significativo, principalmente para o produtor que perdeu grande parte de sua safra. “Para esses, estão sendo estudadas medidas para prorrogar as dívidas”, antecipou.