Preços agropecuários devem reduzir alta em 2008

O ano de 2007 foi o auge da aceleração de preços dos produtos agropecuários no atacado e a disparada de preços desse setor, ocorrida no ano passado, não deve se repetir em 2008. Entretanto o mês de janeiro deve contar com inflação alta no varejo, puxada pelo período de reajustes nas mensalidades escolares e flutuações nos preços dos alimentos in natura. A análise é do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz.

De acordo com ele, o ajuste que está ocorrendo entre a oferta e a demanda de alimentos deve se tornar mais equilibrado, conduzindo à desacelerações nos preços dos produtos agropecuários no atacado, e nos preços dos alimentos no varejo, de uma maneira geral. "Além disso, as perspectivas de safras para 2008 são bem positivas, o que deve aumentar a oferta", acrescentou. O economista não acredita que produtos como o feijão, por exemplo, que encerrou o ano passado com alta de 198 77% no atacado, repita esse patamar de elevação de preços este ano. "É muita coisa. Não acho que vá continuar subindo desse jeito por muito tempo", afirmou.

Os preços dos produtos agropecuários no atacado responderam por 40% da inflação em 2007 medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que subiu 7,89%, ante alta de 3,79% em 2006. "A taxa do IGP-DI praticamente dobrou por causa dos produtos agropecuários", afirmou o técnico.

Na análise de Braz, o fato de alguns produtos agropecuários já apresentaram elevações de preços menos intensas, no atacado – como o feijão em grão, cuja elevação passou de 37,66% para 27 22% de novembro para dezembro -, influenciou as taxas dos Índices Gerais de Preços (IGPs) em dezembro. Ele comentou que o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) começou o último mês do ano passado com alta de 1,55%, e foi seguido pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de dezembro, que teve aumento de 1,76% e, nesta terça-feira (8), foi anunciado o IGP-DI do mês passado, que mostra uma taxa menor, de 1,47%. "Os próximos resultados dos IGPs podem mostrar novos aumentos, mas não tão elevados quanto os do passado", afirmou.

Porém, no varejo, o cenário tem outros fatores a serem levados em consideração. É o período de reajustes nas mensalidades escolares, e também de movimentação de alta nos preços dos in natura, que sempre passam por problemas climáticos nessa época do ano (o que prejudica a oferta). Mas o economista não espera um descontrole generalizado de preços junto ao consumidor. "As elevações de preços no varejo estão muito concentradas no setor de alimentos", afirmou.

Braz explicou que o ano de 2007, de uma maneira geral, foi um período de inflação alta para todos os tipos de alimentos, no mundo todo. Isso porque o consumo de alimentos aumentou, provocando expansão na demanda que a oferta demorou a acompanhar – provocando assim altas de preços no setor. "As commodities também subiram de preço e compuseram grande parte desse cenário de 2007", disse o economista. Esse fator também foi o grande responsável pela aceleração na taxa do IGP-DI de novembro para dezembro (de 1,05% para 1,47%) – que foi puxada principalmente pela elevação de preços mais intensa em alimentos processados, no atacado (de 1,85% para 2,75%).

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