Preço da gasolina pode ficar na mesma

O aumento de 20% para 23% na mistura do álcool anidro à gasolina, que entrou em vigor ontem, deve trazer pouco impacto para o consumidor final. Pelo menos é esta a previsão do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Paraná (Sindicombustíveis). ?É uma queda tão pequena, que muita gente vai acabar não repassando?, afirmou Roberto Fregonese, presidente do Sindicombustíveis-PR.  

Para Fregonese, caso haja queda, são poucas as possibilidades de que o consumidor veja ainda esta semana alguma mudança nas bombas de gasolina. ?Costumo dizer que, para subir, os preços sobem como um foguete. Mas para cair, demoram como uma pluma?, afirmou. Ele explicou que as usinas vendem o álcool para as companhias distribuidoras, que por sua vez repassam para o comércio varejista.

Ontem, o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, afirmou que o aumento do álcool anidro na gasolina pode reduzir entre R$ 0,02 e R$ 0,04 o preço do litro da gasolina. ?O custo para cada distribuidora reduz, mas o preço é uma política de cada empresa; é provável que algumas baixem o valor da gasolina, mas é impossível saber quais?, afirmou Vaz.

Segundo Fregonese, do Sindicombustíveis-PR, se o preço da gasolina de fato cair nas distribuidoras, o desconto será repassado ao consumidor final na mesma proporção. ?Espero que as companhias façam isso (reduzam o preço). A gente vai repassar na mesma proporção; não seguramos desconto?, garantiu.

Em Curitiba, segundo o último levantamento da Agência Nacional do Petróleo, o preço médio da gasolina comum é R$ 2,55 o litro, com o valor mínimo de R$ 2,399 e o máximo de R$ 2,699. No Paraná, a média do litro da gasolina comum é R$ 2,547.

Cálculos

Pelos cálculos da administração federal, o aumento de 3 pontos percentuais na mistura deveria reduzir em até 1,5% o preço da gasolina. O percentual de 23% vai gerar uma demanda de 306 milhões de litros de álcool e, conseqüentemente, economizar esse mesmo volume de gasolina até 1.º de maio, quando começa, oficialmente, a safra 2007/2008 de cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol.

O país consome entre 24 e 25 bilhões de litros de gasolina por ano, ou cerca de 2 bilhões de litros por mês. Já os estoques de álcool, atualmente em torno de 5 bilhões de litros, devem ser de, no mínimo, 500 milhões de litros no início da próxima safra. Estima-se ainda que esse volume, chamado de estoque de passagem, possa crescer para 900 milhões de litros, pois há uma produção prevista de 400 milhões de litros de álcool em abril, quando várias unidades produtoras de álcool começarão a processar a próxima safra.

Nas usinas paulistas, maior centro produtor do país, o preço médio do litro álcool anidro recuou 1,31% na semana passada, de R$ 0,86342 para R$ 0,85209, de acordo com o indicador de preços do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP).

Nova alta

O ministro da Agricultura Luís Carlos Guedes Pinto afirmou ontem que o governo pode elevar de novo o percentual de álcool anidro misturado na gasolina. Segundo o ministro, a nova alta para 25% pode acontecer em janeiro ?se os estoques estiverem nessa época em níveis confortáveis?.

?No atual quadro de abastecimento é importante buscar a manutenção da regularidade da oferta, evitar oscilações bruscas de preços para cima ou para baixo e chegar no fim do período de entressafra com um nível de estoques adequados à transição da safra 2007/2008?, afirmou Guedes.

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