Preço baixo no litoral atrai veranistas de todo Brasil

Já foi o tempo em que a maioria dos veranistas tinha medo dos preços praticados no litoral. Muita gente descia com o carro abarrotado de mantimentos porque sabia que iria pagar muito mais caro nas praias. Para o presidente do Sindicato de Hotéis e Restaurantes do Litoral Paranaense (Sindilitoral), José Carlos Chicarelli, está havendo uma mudança no comportamento dos comerciantes. Eles estão aprendendo que os preços altos afastam os turistas.

O goiano Noel Alves da Conceição, 35 anos, está passando dez dias em Guaratuba. Conta que não trouxe nada de casa porque sabia que os preços estariam acessíveis. Os mantimentos foram comprados na cidade. "Estamos nos sentindo em casa. Os valores estão parecidos com o que pagaríamos em Goiânia. Acho que não há exploração", pondera.

Edivaldo Aparecido de Oliveira iria ficar na cidade com a família durante cinco dias e também não tinha reclamações. "Os preços nos bares e restaurantes estão compatíveis com o bolso", acredita. Nem do preço da gasolina reclamou. "Acho que está um pouquinho acima do que em Curitiba, mas não chega a ser um problema", diz.

O proprietário da Lanchonete El Rancho, Rubens Fernando, explica o que anda se passando na cabeça de boa parte dos comerciantes. Em vez de aumentar os preços, prefere cuidar da freguesia porque vai ficar o ano todo no litoral. Para ele, quem está praticando preço elevado quer ganhar tudo de uma vez só e não está pensando em continuar na cidade ou voltar na próxima temporada.

Apesar de afirmar que o movimento no seu estabelecimento aumentou em 25%, reclama que a falta de conservação da praia tem afastado os turistas. "Até poucos dias atrás a areia estava suja e no Morro do Cristo o mato estava alto. A nova administração já melhorou um pouco as coisas", afirma. No entanto, ainda aponta como problemas a falta de iluminação durante a noite em algumas ruas e o despejo de esgoto em alguns pontos da praia. "O problema existe há muitos anos e nunca foi resolvido", fala.

Santa Catarina

Em Itapóa, litoral de Santa Catarina e destino de muitos paranaenses, boa parte dos turistas também estava achando os preços convidativos. Mário Costa, 55 anos, trouxe a maior parte dos alimentos de casa com medo do que encontraria na praia. Mas foi surpreendido. Segundo ele, alguns artigos como a cerveja estavam mais baratos do que em Curitiba.

O catarinense Murilo de Lucca, 37 anos, conta que os preços baixos também fizeram ele optar pela praia. "Em Camboriú, os preços estão muito mais altos. Não há condições, preferi vir para cá", compara.

A dona de uma pequena mercearia, Tânia Duarte, é exemplo da consciência dos bons comerciantes. Conta que com os preços baixos está faturando mais. "A gente consegue vender mais e lucra mais", compara.

Chicarelli comenta que o comportamento dos comerciantes é resultado das campanhas feitas pelo sindicato e pelas associações comerciais. No entanto, fala que ainda tem muita gente reclamando dos valores. Numa pesquisa feita recentemente em Guaratuba, 49% das pessoas falaram que eles poderiam estar mais baixos. No entanto, a situação ainda é melhor do que em outros estados. Em Camboriú, por exemplo, este índice é de 70%.

Estrada continua em péssimo estado

Apesar das promessas de melhoria na estrada PR-412, que liga Guaratuba à cidade de Garuva (SC), existem ainda muitos buracos. O risco de acidentes é constante no trecho que está sob jurisdição do estado vizinho. O engenheiro da empresa responsável pelas obras de manutenção, João Alfredo Michael Neves, comenta que os trabalhos vão começar só na segunda-feira. Segundo ele, na semana passada foram feitas obras de recuperação emergencial, mas devido à chuva o problema voltou.

Não é preciso andar muito pela estrada para encontrar os primeiros buracos. É comum ver carros invadindo a pista contrária para escapar das crateras. Nas praias também não é difícil encontrar algum veranista que tenha uma história negativa para contar sobre a via. Maurício Esperandil, 47 anos, mora em Cambira, Norte do Paraná, e está passando férias em Itapoá, no litoral de Santa Catarina. "Passei por cinco pedágios para chegar a Curitiba. Compensou porque a estrada estava muito boa. Mas aqui me assustei. Ano passado a situação estava melhor", compara.

Ele conta ainda que no último domingo havia dois acidentes na estrada. Ele mesmo quase foi vítima de um. "Não deu para frear porque estava com uma carretinha, a solução foi sair da estrada. A situação preocupa", comenta.

Mario da Costa, 33 anos, é de Curitiba e há 30 anos passa férias em Itapoá. Ele gosta da praia por causa do sossego do lugar. No entanto, também acha que a via está muito perigosa. "Quem não conhece o trecho acaba ficando na estrada. É comum a gente ver carros parados com pneu furado ou a roda torta", exemplifica.

Para o catarinense de Canoinhas, José Omildo dos Santos, 37 anos, além dos buracos, o semáforo na entrada de Garuva atrapalha o tráfego. "Já chegamos a ficar duas horas para passar pelo local. Deveriam encontrar outra alternativa", reclama.

Solução

Segundo o engenheiro da empresa que venceu a licitação para melhorar a estrada, a Setep-Topografia e Construções, com sede em Santa Catarina, o problema começa a ser solucionado ainda este mês. Ele explica que a empresa vai começar a fazer uma operação de reparo do pavimento que deverá resolver de vez o problema dos buracos. Mas até lá vão continuar com a operação tapa-buracos. Eles estão fazendo também dois contornos na via e um deles dá acesso a Itapoá. Há alguns dias, a Associação Comercial de Guaratuba chegou a fazer um protesto na via. Eles prometem fazer mais uma manifestação se o problema da estrada não for solucionado. (EW)

Apreendidos 29 pássaros em Matinhos

O Batalhão de Polícia Florestal (BPFlo) do Paraná apreendeu ontem 19 pássaros que estavam sendo criados irregularmente em cativeiros em residências de três bairros em Matinhos, no litoral do Estado. A operação de fiscalização durou cerca de duas horas. Seis pessoas foram autuadas por manter os animais sem que tivessem autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com o tenente Durval Tavares Junior, que comandou a blitz, o objetivo é conscientizar as pessoas que não devem criar animais silvestres em gaiolas.

Os donos dos pássaros responderão a Termo Circunstanciado. É o Juizado Especial Criminal quem irá realizar a transação penal. A previsão criminal para quem mantém animais em cativeiro sem autorização é de detenção de seis meses a um ano. O juiz dará aos acusados a oportunidade de transformar essa punição em pena alternativa. A multa administrativa é de R$ 500 por pássaro apreendido. "Para realizar uma apreensão levamos em conta as condições de higiene e usamos o bom senso", lembrou o tenente Tavares.

Foi usando o bom senso que o tenente decidiu por deixar com a dona de casa Rosane Alcântara um canário da terra. Ela explicou que o pássaro caiu do ninho e foi "adotado" há cerca de dois anos pelo filho dela, Jonathan, que amanhã completará 12 anos. Quando viu os policiais, Jonathan começou a chorar. "Percebemos que se trata de um animal manso, que está muito bem cuidado e, por ser de uma criança, decidimos deixá-lo aqui. Mas a família terá que regularizar a situação e providenciar a documentação", disse o tenente. "Vamos fazer isso", confirmou Rosane.

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