Portos debatem despejo de água de lastro

?O Porto de Paranaguá avança mais uma vez abrindo esta discussão, tanto para quem faz a gestão política pública como para os usuários deste sistema.? Afirmação feita ontem pela diretora de Meio Ambiente da Sanepar, Maria Arlete Rosa que, durante o 1.º Seminário Internacional de Gestão Ambiental Portuária, que está sendo realizado em Paranaguá, presidiu a mesa de debates ?Tratamento de Efluentes Portuários – Água de Lastro e Esgotos?.

Junto com ela, o engenheiro naval e inspetor náutico Geert Jan Prange destacou um importante assunto, que vem sendo tema de discussões nos portos internacionais: o despejo de água de lastro no mar. Prange teve seu primeiro contato com o tema há 7 anos, quando foi abordado na Revista Marine Technology sob o título ?É uma invasão?, onde era descrito como os Estados Unidos estavam sendo prejudicados pelo aparecimento de mais de 4 mil espécies vivas, como fungos e insetos, originados na água de lastro.

A preocupação do especialista com a região do litoral do Paraná foi imediata, principalmente porque a Baía de Paranaguá é a maior área de desova e desenvolvimento de espécies marinhas na costa sul do Brasil, que utilizam os mangues, os bancos de areia e a lama como criadouros. ?Aqui temos uma baía com 24 milhas de terra adentro, que recebe 11 milhões de m³ de lastro de navios vindos do mundo inteiro?, disse Prange.

O problema causado pela emissão de lastro no mar apareceu há 3 anos, quando foi registrada a presença da chamada Maré Vermelha. ?É uma floração excepcional de micro-algas tóxicas que, ao serem absorvidas ou digeridas por mexilhões, mariscos e peixes, ficam venenosas e altamente prejudiciais ao homem?, explicou o palestrante.

Um processo de convencimento iniciado há 3 anos junto à Diretoria de Portos e Costas (DPC) da Marinha do Brasil fez com que a Assembléia Legislativa do Paraná fizesse uma lei versando cobre a gestão de água de lastro e que serviu de orientação para a DPC e para o Ministério do Meio Ambiente.

Antuérpia

O capitão do Porto da Antuérpia, Patrick Decrop, também integrante da Mesa de Debates disse, na oportunidade que, apesar de ser um tema relevante, ainda não mereceu maior compromisso na Bélgica. ?Neste ano, começamos a abordar esta questão para definirmos se tratamos o lastro como resíduo e se há como fazermos uma análise antecipada e emitirmos licenciamentos dos navios num tempo hábil que não prejudique a operação?, comentou Decrop.

Na Venezuela, as ações são mais efetivas. Segundo Rafael Dautant, Consultor dos Portos da Venezuela na área ambiental, apesar dos esforços de países como o Brasil e de haver tecnologia suficiente para isso, ainda falta um maior fortalecimento da questão na América Latina. ?O Brasil está bem encaminhado e, a partir de outubro, dará um grande passo na modernização dos portos. É um processo caro, mas necessário, porque o meio ambiente é de todos os habitantes do planeta?, destacou Dautant.

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