Porto tem condições de crescer 38,5% até 2005

Com as ampliações em andamento e previstas, o Porto de Paranaguá terá condições de ampliar em 38,5% seu volume de cargas até 2005, passando das 28,88 milhões de toneladas movimentadas em 2001 para 40 milhões de toneladas. Para esse ano, a direção do Porto prevê aumento nas exportações e decréscimo nas importações. Até a última sexta-feira, o Porto já movimentou 329.914 toneladas a mais que no mesmo período de 2001 (20.285.500 contra 19.955.586). “Ano passado, o Porto foi responsável por quase 9% de toda a balança comercial brasileira. Como agora temos menos commodities e mais produtos industrializamos, queremos aumentar esse número”, afirma o diretor empresarial do Porto, Lourenço Fregonese.

Em 2001, as 28,88 milhões de toneladas de produtos embarcados e desembarcados no local totalizaram cerca de US$ 5,2 bilhões, gerando superávit de US$ 2,8 bilhões. “Esperamos pelo menos repetir o movimento do ano passado ou chegar a 30 milhões de toneladas, na melhor das hipóteses”, declara o diretor do Porto, assinalando que “duro é manter o crescimento de 35% ocorrido de 2000 para 2001”. “O Porto ainda tem o mesmo tamanho, mas a criatividade, agilidade e aumento da produtividade implantadas nele proporcionam o aumento nas exportações”, considera Fregonese.

Com um detalhe. Nesse ano a administração portuária trabalha com uma forte queda no embarque de milho. No ano passado, foram exportadas 4,5 milhões de toneladas do produto, enquanto a estimativa para 2002 é chegar a 2,5 milhões de toneladas.

“A perda no milho está sendo compensada por aumentos no complexo soja, açúcar, madeira, papel e congelados”, aponta o diretor empresarial. Até a semana passada, o total exportado por Paranaguá foi de 15.971.213 toneladas, 2,73% a mais que em igual período de 2001. Já a importação está 2,16% menor neste ano, totalizando 4.314.287 toneladas.

Em relação à madeira, a expectativa é atingir 1,2 milhão de toneladas exportadas contra 928.239 no ano passado. Até agora, já foram 879.462 toneladas, ante 632.345 em 2001. Para Fregonese, esse avanço é resultado da instalação da Tafisa e da Mafisa no Estado, aliado ao início das exportações de outras empresas madeireiras. Só o município de Telêmaco Borba aumentará a exportação de madeira de 300 mil metros cúbicos por ano para um milhão, em 2003. O Porto também planeja vender ao exterior 350 mil toneladas de papel (ante 164.033 em 2001).

Farelo, soja, milho e açúcar devem somar 17 milhões de toneladas exportadas em 2002, calcula Fregonese. São esperados incrementos na soja (de 5,01 milhões para 6 milhões de toneladas), farelo (de 5 milhões para 5,5 milhões) e açúcar (de 1,95 milhões para 3 milhões). Em óleo de soja, o Porto pretende comercializar 1,5 milhões de toneladas no exterior foram 855 mil no ano passado.

Fregonese atribui a elevação dos negócios com açúcar a dois fatores: logística e instalação do terminal privado Pasa, especializado em açúcar a granel. “Enquanto no Porto de Santos, leva-se até 20 dias para carregar um navio com granel, aqui o tempo é quase zero. Quando há espera em Paranaguá, o máximo é três dias”, enfatiza o diretor.

Importação

Embora a importação de fertilizantes esteja aquecida, refletindo o bom desempenho agrícola do Estado, houve queda em contêineres de eletroeletrônicos e máquinas nesse ano. Até o momento, o desembarque de fertilizantes cresceu 19,2%, somando 3.041.099 toneladas. O número de contêineres trazidos para Paranaguá caiu 8,4%, de 98.187 TEUs (unidade equivalente a contêineres de 20 pés) para 89.939 TEUs.

Apesar da redução acumulada na importação sobre igual período de 2001, o Porto está atraindo novas cargas. “A partir da semana que vem, estaremos recebendo arroz, produto que há muito tempo não recebíamos”, conta. Até o final do ano, está previsto o desembarque de 200 mil toneladas de arroz da Tailândia. “Estamos fechando contratos para 2003 com empresas que nunca vieram a Paranaguá”, conta Fregonese. Um deles é com a montadora BMW, que escolheu o porto paranaense para a importação de veículos no País.

“Saímos do ostracismo”, resume o diretor, referindo-se à inauguração das novas instalações do TCP, na última sexta-feira, à implantação dos terminais de açúcar e fertilizantes, ao longo dos dois últimos anos, e à revitalização do terminal da Ponta do Félix, em Antonina. Na gestão do governador Jaime Lerner, os investimentos do poder público e privado no Porto de Paranaguá somam U$ 400 milhões.

Empresas interessadas nas reformas

Olavo Pesch

Cinco grupos investidores já demonstraram interesse na licitação para realização de novas obras no Porto de Paranaguá, entre elas o prolongamento do cais em 820 metros na direção Oeste. Na semana passada, o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) recebeu os documentos de pré-qualificação dos consórcios Mendes Júnior/Etesco, AGR Somar/CR Almeida, Camargo Corrêa/Carioca e Cobrasil, OAS/CCBPO/CMT e da Construtora Queiroz Galvão. A comissão de licitação deverá divulgar o nome da empresa ou consórcio vencedor dentro de dois meses.

Além da ampliação do cais, que tem 2.640 metros, o projeto de melhorias prevê o aprofundamento dos canais da Galheta e de Antonina para 43 e 33 pés, respectivamente. O projeto propõe, ainda, que a bacia de evolução passe a ter calado de 41 pés. A obra foi anunciada em junho, durante a visita do ministro dos Transportes, João Henrique, ao Porto, e começa no ano que vem. Os recursos de R$ 190 milhões a fundo perdido para a construção de três berços de atracação que se somarão aos quatorze existentes são do Ministério dos Transportes. “Nos últimos quinze anos, é o primeiro investimento do governo federal no Porto de Paranaguá”, salienta Lourenço Fregonese. O prazo para conclusão das obras é de três anos.

“Com esse incremento de três berços projetados a Oeste e mais o berço terminado pelo TCP, a Leste, é possível chegar até 2005 com 40 milhões de toneladas movimentadas, se o Paraná continuar tendo a mesma performance de crescimento na agricultura e indústria”, aponta Fregonese.

A partir desse ano, o Porto de Paranaguá também conta com uma verba anual de cerca de R$ 30 milhões. Há um ano e meio, o Ministério dos Transportes autorizou reajustes nas tarifas dos principais portos brasileiros em Paranaguá, a correção média das taxas foi superior a 20%. “Enquanto a maioria dos portos usou o aumento para custeio, o superintendente do Porto de Paranaguá Osíris Guimarães colocou toda a diferença desse recurso recolhido em um fundo de investimentos administrado pelo CAP (Conselho de Autoridade Portuária)”, relata o diretor.

As obras feitas com o dinheiro do fundo dependem de autorização do CAP e licitação. Com o dinheiro já arrecadado no fundo, foi feita a nova sinalização naútica do Porto de Paranaguá. “Somos o único porto do Brasil com bóias controladas por GPS”, destaca Fregonese.

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