Porto de Paranaguá fechado para reformas

João de Noronha / O Estado
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Manutenção será feita na
entressafra para não prejudicar
a exportação de grãos.

A partir de amanhã, um grupo de quase 80 funcionários do Porto de Paranaguá terá uma rotina diferente: eles estarão no grupo de frente na manutenção do corredor de exportação e do silão público. A parada técnica, que inicia nesta segunda-feira e se estende até o dia 15 de fevereiro, acontece uma vez por ano. Segundo o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Eduardo Requião, a manutenção não irá atrapalhar o escoamento de grãos, uma vez que este é o período de entressafra. Os custos com as obras estão estimados em quase R$ 2 milhões.

"É um processo necessário. O porto funciona 24 horas por dia, o ano todo. Nesse período, com o volume de carga bem menor, é preciso fazer reparos, trocar peças", explicou Requião. Segundo ele, no ano passado houve uma manutenção, mas bem menor por conta da grande safra de milho e do problema com a soja contaminada com transgênicos.

Como a manutenção irá atingir apenas dois pontos específicos do porto – o corredor de exportação e o silão público -, as demais áreas atendidas como a de exportação de veículos e madeira, bem como a importação de fertilizantes, não serão prejudicadas. "O porto não vai parar", salientou o superintendente. No corredor de exportação, composto por três berços, dois passarão por manutenção, mas não simultaneamente.

Segundo Requião, mesmo que haja o envio de grande quantidade de soja para Paranaguá durante o período de obras – há cerca de 2 milhões de toneladas estocadas no interior -, o porto estaria preparado para receber. "Foi montada uma logística para atender a demanda, seja ela pequena, média ou grande", assegurou. A exportação rápida e inesperada pode acontecer caso a cotação da soja suba no mercado internacional. "A ferrugem asiática atacou a soja americana, e com isso espera-se o aumento do preço. Se isso acontecer, estaremos preparados."

Programação

Conforme a programação feita pela Divisão de Manutenção Industrial do porto, o berço 14 do corredor de exportação será o primeiro a passar por melhorias, até o dia 20 de dezembro. Em seguida, será a vez do berço 12, cuja manutenção está prevista para até o final de janeiro. A manutenção no berço 13 já aconteceu simultaneamente às obras de recuperação do cais, paralisado pelas reformas.

O único período em que o corredor de exportação ficará totalmente inoperante será de 5 a 12 de janeiro, quando o Painel Central passará por manutenção. "Vamos ter ausência de navios neste período", assegurou Eduardo Requião.

Já as atividades no silo vertical (silão), com capacidade para 100 mil toneladas, começam no próximo dia 20 e se estendem até 15 de fevereiro. Para isso, ele precisa estar totalmente – ou quase totalmente – vazio. Na semana passada, a quantidade de produtos no silão era de 6 mil toneladas, o que não deve atrapalhar os reparos necessários.

"É uma manutenção principalmente preventiva e corretiva em alguns casos, para que não haja paradas no sistema durante o período de pico da safra", explicou Luiz Henrique Dividino, diretor comercial e de operações do porto. A manutenção é composta por limpeza de rolamentos, roletes, substituição de cabos e lubrificação do sistema como um todo, e vão acontecer nas moegas – onde o caminhão pára e descarrega a soja, o farelo -, nos elevadores que levam a carga ao silo, nos dumpers, distribuidores e dutos. Também é feita limpeza de todas as células onde ficam depositados os grãos, para que não sejam misturados aos da safra seguinte, e nos ship-loaders. "São os equipamentos principais que compõem a manutenção, desde o processo de recebimento dos grãos até o embarque", resumiu Dividino.

Sem preocupação

O assessor econômico da Federação da Agricultura no Estado do Paraná (Faep), Carlos Albuquerque, afirmou que não existe preocupação dos produtores rurais com a parada técnica no porto. "Essa é uma época mais calma, tranqüila, e todo ano tem que ser feita a parada técnica, como acontece em qualquer fábrica", afirmou Albuquerque. Na Organização das Cooperativas no Estado do Paraná (Ocepar), a assessoria de imprensa informou que também não existe preocupação quanto à parada, uma vez que as cooperativas do interior foram avisadas antecipadamente.

De primeiro de janeiro a 10 de novembro, o porto exportou cerca de 29,8 milhões de toneladas de produtos – quase 530 mil toneladas a mais do que o mesmo período do ano passado.

Porto investe mais R$ 110 milhões

De acordo com o superintendente da Appa, Eduardo Requião, a idéia é que a finalização da manutenção – prevista para fevereiro de 2005 – coincida com a entrega de outras obras. A intenção, informou, é que até o final do próximo ano o porto invista cerca de R$ 110 milhões em obras de melhorias, além da construção do Cais Oeste, o que deve totalizar R$ 250 milhões. Entre as mudanças principais estão o monitoramento digitalizado do porto, com a utilização da tecnologia da fibra ótica. "Esse sistema dará mais segurança, melhorará a logística, a higiene, aumentará a capacidade do berço de carga", afirmou Requião.

Também está prevista a reforma do Pátio de Triagem – onde ficam os caminhões, aguardando descarregar a carga. "Haverá 35 espaços comerciais, com cantina, lojas de conveniência, farmácias, atendimento médico", afirmou. Também os portões de entrada aumentarão de dois para quatro. Outra novidade prevista é o cadastro da carga em sistema digital. "Quando o caminhão entrar no pátio, o motorista se identifica e o sistema já apontará a origem da carga, onde ela ficará. Também o silão terá informação on-line."

Além disso, a idéia é até março entregar os 25 quilômetros de concretagem das vias que dão acesso ao porto. "Antes de entregar a obra, espero fazer outra licitação para colocar concreto nos 286 mil metros de área interna do porto", afirmou Requião. A intenção é publicar o edital de licitação ainda este mês. Também há a intenção de construir outro silo vertical, estimado em R$ 42 milhões. As obras, segundo o superintendente, estão sendo possíveis graças ao caixa de quase US$ 70 milhões do Porto de Paranaguá. "Revimos contratos antigos, rediscutimos valores", arrematou o superintendente. (LS)

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